|
|
Ricardo Campelo
Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma famÃlia inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.
|
|
Sonho de uma noite de verão?
28/03/2003
|
|
|
Amanhã começa mais um Campeonato Brasileiro. Se no ano passado falávamos em busca do Bi, neste ano as coisas são bem diferentes: o grande medo é o rebaixamento. E isso que o campeonato nem começou. O Atlético não é nem mais uma "incógnita", como dizÃamos anteriormente. Com este time, o fracasso é certo. Incógnito é apenas o seu tamanho.
A trajetória do Atlético após o tÃtulo de 2001 é assustadoramente descendente. E o pior é que a ingrimidade parece ser maior do que a ascendência dos últimos anos que culminou no tÃtulo. É simplesmente impressionante: quando finalmente conseguimos o sonhado tÃtulo, começamos a decair. Será que ter sido campeão brasileiro fez mal financeira ou admnistrativamente ao Clube?
É inegavel. Após a conquista, e com a avocatura de poder lançada pelo presidente Mario Celso, o Clube saiu dos trilhos. Falem o que quiser, mas isso não se pode negar. Sou muito grato a tudo que este grande homem fez pelo Atlético, e atleticano que não o fizer não vale o que come. Só que o meu amor não é por este homem, é pelo Clube. Eu não amo Mário Celso Petraglia, eu amo o Clube Atlético Paranaense. Não amo o grisalho e o óculos, amo o Vermelho e Preto. Se este homem foi muito útil ao Atlético, certamente não são nada úteis aqueles torcedores que o colocam acima de tudo. Torcedores que vêem no tÃtulo brasileiro uma graça eternamente suficiente ao Clube.
Não! Eu não quero que o tÃtulo de 2001 tenha sido um sonho de uma noite de verão. Não quero ver meu time parar no tempo. Não quero terminar como os torcedores do Coritiba, comemorando um tÃtulo ridÃculo em cima do Paranavaà como se fosse uma final de Copa do Mundo. Eles que também já foram campeões nacionais e hoje sequer se envergonham de comemorar um tÃtulo paranaense a cada dez, quatro anos. Eles que tomam de quatro na quarta-feira mas se gabam de ganhar de dois a um no domingo, só porque o jogo clássico foi o primeiro da Arena. Atleticanos, olhem para os torcedores do Coritiba e vejam a mediocridade que eles estampam neste sorriso orgulhoso de "Campeão Paranaense Invicto". É este tipo de "Campeão Brasileiro" que queremos ser? É este o futuro que nos aguarda?
Pois este destino é o que vai surgindo no horizonte se a torcida continuar com este pensamento de que o tÃtulo de 2001 bastou para o Clube, e que, por ter sido o seu principal responsável, Mário Celso tem eterno e ilimitado respaldo para fazer o que quiser. O torcedor que realmente ama o time não pode se conformar com isto. Não pode se imaginar sentado em sua cadeira de balanço mostrando para os netos os jornais de uma distante época em que "aquela" estrelinha amarela foi conquistada. O torcedor que quer ajudar o Atlético tem que imaginá-lo sempre pra frente. Exigir mais tÃtulos, querer campanhas decentes, querer times que façam jus a envergar a camisa do Atlético. Esta é a contribuição que podemos dar. Pode não ser - e certamente não é - tão grande quanto a colaboração de Mário Celso. Mas o amor que temos pelo Clube Atético Paranaense certamente é maior do que qualquer coisa.
Presidente, o Sr. está com o poder nas mãos. Por favor, não deixe o nosso Atlético parar. Abandone vaidades, orgulhos, e pense exclusivamente no sucesso Rubro-negro. Seja pragmático. Faça jus ao populismo que o Sr. arquiriu e que lhe rendeu este poder absoluto. Acabe com este sofrimento de perder na Baixada para Maringá, Sport... E saiba que nós, atleticanos, cobraremos do Sr. Tudo que queremos é o realinhamento do time, e estamos prontos para tecer os mais alegres elogios se isto acontecer. Mas lançaremos todas as crÃticas que forem necessárias se esta decadência continuar.
|
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.