Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 44 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Empatia

26/09/2007


Tempos atrás, escrevi uma coluna falando sobre a perda de empatia entre o atleticano e seu time. Desanimado, eu constatava o que muita gente estava sentindo: o desinteresse do torcedor diante de vários fatores, que sempre citei em meus textos.

Como em um passe de mágica, tudo mudou. Como um gigante adormecido que desperta, a torcida atleticana se reacendeu e mostrou toda a paixão pelo Furacão. Ao contrário do que muitos vêm falando, isso não foi motivado pelas provocações partidas dos coxas. Já no jogo contra o Atlético-MG, com promoção no preço do ingresso, a torcida encheu a Baixada para apoiar o time. As provocações dos coxas só aumentaram ainda mais a disposição do atleticano em mostrar quem é o maior do estado. Mas não há dúvidas de que, de uma forma ou de outra, a Baixada estaria lotada nos jogos contra Palmeiras e Paraná.

A torcida deu o seu recado. O torcedor quer ingresso barato, estádio cheio, torcida vibrante. Quer ver e participar da festa, quer ver a Baixada colorida e enfeitada, isto é que dá "tesão" em ir no jogo. Mesmo com o time rondando a zona de rebaixamento. O que nos motiva é poder torcer, poder ser atleticano, só isso.

Independente do que motivou a diretoria a adotar esta flexibilidade com o torcedor, o fato é que os dirigentes parecem dispostos a seguir este caminho. O próprio Mário Celso Petraglia reconheceu, em entrevista ao Programa Esporte Show, no último domingo, que com ingresso caro o torcedor não vai ao estádio, e que, apesar de seu ponto de vista contrário, vai seguir este novo rumo.

Tenho certeza de que esta postura vai fazer ressurgir a dedicação do torcedor atleticano. Vai aumentar o número de associações ao Clube. Vai resgatar o atleticanismo. E quem ganha com isto, é o Atlético.

Falácia Derrubada

Na mente dos inteligentíssimos dirigentes coxas, ocorreu uma belíssima idéia nas últimas semanas: "Já que não podemos disputar com o Atlético em time, estrutura, ou qualquer quesito técnico, vamos criar um factóide pra dizer que temos a maior torcida. Vamos aproveitar que o rival está mal no Brasileirão, e que, ao contrário do ano passado, estamos bem na Série B, com a torcida comparecendo, pra alegar que nossa torcida é maior!" Lançaram o outdoor, já mirando no fim-de-semana em que haveria o "clássico" local Atlético x Paraná e eles teriam um jogo importante contra o rival Ceará.

Pensaram os coxas: "Vamos aproveitar a limitação de espaço da Baixada, para colocar um número maior de torcedores no Couto." A Gazeta do Povo entrou na onda, materializou o desafio, e avisou: vale o público pagante.

Pois os coxas, mesmo tendo criado o desafio, mesmo tendo um estádio maior, mesmo sendo a única parte com interesse em vencer este desafio, conseguiram perder. Sobraram ingressos no Couto, e tiveram um público pagante menor. Não que o resultado de borderôs deste fim de semana fosse sacramentar qualquer coisa. Não para nós, que sabemos por todos os métodos que nossa torcida é maior. Mas para eles, que criaram o desafio, a derrota é um recado: de nada vale se iludir.

Fala, Atleticano

O colega Anderson Corrêa da Silva publicou, no Fala Atleticano, um texto arrebatador sobre toda esta questão.

Para um coxa, estar diante do texto de Anderson é a mesma situação vivida por Neo, no filme Matrix, diante de Morpheus: tomar a pílula vermelha e descobrir toda a verdade, ou tomar a azul e continuar vivendo na ilusão?

Torço, e recomendo aos coxas, que continuem tomando a pílula azul.


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