Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Ô, dó

24/09/2007


Eles eram poucos, mas eram bravos. Guerreiros que se fortaleciam perante a pátria, que se engrandeciam perante si mesmos. Lutaram bravamente contra um exército infinitamente maior. E por fim, perderam a batalha, mas não a guerra. Os 300 de Esparta, liderados por Leônidas, enfrentaram a tropa de 10 mil homens de Xérxes e mantiveram a supremacia grega no mundo. Eram poucos, mas eram fortes e se transformavam em muitos.

Ontem, os adversários eram poucos. Eram poucos e ainda por cima fracos. Covardes, só cantaram quando todos os demais se calavam ouvindo a introdução do hino brasileiro. Fracos, passaram quase desapercebidos ante a multidão de vermelho e preto, que por vezes entoava cantos aos céus transformando o estádio em um verdadeiro templo em transe. Por vezes, gritos profanos de uma gente com sangue nos olhos que cantava ensandecida.

Caveiras, faixas, gritos. Curva, lotação máxima e cantos ritmados. Ontem, os 700 fracos paranistas tiveram o privilégio, de confortavelmente instalados nas cadeiras do Joaquim Américo, terem uma verdadeira aula. Ontem, aqueles poucos e mudos torcedores do time das diversas vilas, muitas camisas e poucas kombis, pôde ver de frente a melhor e maior festa que uma torcida já proporcionou aos seus na terra das Araucárias.

Ontem me deu dó daqueles 700 torcedores que sequer tentaram lutar até o fim e pareciam, assim como os outros 20 e tantos mil atleticanos, hipnotizados pela magia vinda das cadeiras do estádio, onde uma nação apaixonada cantava seu amor pelo Atlético.

DÓ, PARTE 2

Me deu dó também do ex-goleiro em atividade, o Flávio. Jamais esquecerei da 1ª derrota na Arena, para o Internacional (que veio a se tornar um visitante chato por aqui) quando em duas falhas suas, perdemos a partida. A cena dele atravessando todo o campo de jogo cabisbaixo aos gritos de FRANGUEIRO me marcou, principalmente por achar que a galera foi injusta.

O tempo mostrou suas qualidades e esse sujeito é simplesmente o atleta que mais títulos conquistou no Furacão. Sua saída, de forma um tanto abrupta é verdade, abriu um racha entre sua relação com o Atlético Paranaense. Mas sua pouca cultura, sua ignorância com as coisas da vida, o fez falar demais e agir errado contra uma torcida que ele havia conquistado e aprendeu a admirá-lo e respeitá-lo. Depois disso, seu futebol só foi decaindo e sua carreira, outrora gloriosa, vai se encerrar com ele afundando na segunda divisão com o clube que defende hoje em dia.

Para os fracos de espírito como Flávio, que foi o que mais ganhou títulos pelo rubro-negro, que fique a lição de um Washington por exemplo, que ficou pouco tempo, não ergueu nenhuma taça e será eternamente lembrado pela torcida por tudo o que fez dentro de campo e pelo respeito que sempre devotou ao Atlético. Flávio, nós atleticanos, do nível superior que o vemos hoje em dia, temos dó de você! Uma pena...

ARREMATE

"Aqueles olhos verdes/
Translúcidos serenos/
Parecem dois amenos/
Pedaços do luar"
Aqueles olhos verdes, Milton Nascimento


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.