Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Sangue paranaense?

07/09/2007


O ser humano é um sujeito complicado. Complicado e individualista. Nesta sexta-feira de feriado, ao abrir as páginas esportivas da Gazeta do Povo, tive mais uma prova disso tudo. Em matéria intitulada “Briga de vizinhos no início do caso Batista”, vemos um belo exemplo do quão complicada e individualista são as pessoas:

“Tudo é possível. Cada um tem sua ética. Se fôssemos nós, não faríamos. Acima de tudo sou paranaense. Mas o desespero faz esse tipo de coisa.” Ética? Não faria? Paranaense? Desespero? O blá-blá-blá seria mais bonito se não viesse de quem veio: José Carlos de Miranda, presidente do Paraná Clube.

Antes de mais nada, cabe um parênteses para quem não leu a reportagem: o assunto é a denúncia ao STJD sobre a possível utilização do jogador Batista em alguns jogos do Paraná Clube no Campeonato Brasileiro. No texto, especula-se uma possível participação do Atlético no caso, avisando ao Náutico da irregularidade – o Timbu foi quem, formalmente, apresentou a denúncia ao STJD. Fecha parênteses.

“Tudo é possível. Cada um tem sua ética. Se fôssemos nós, não faríamos. Acima de tudo sou paranaense. Mas o desespero faz esse tipo de coisa.” Ética? Não faria? Paranaense? Desespero? Repito: o blá-blá-blá seria muito mais bonito se não viesse de quem veio: José Carlos de Miranda, presidente do Paraná Clube.

É engraçado ver uma pessoa que trabalhou incisivamente contra a Copa em Curitiba falar em ética, em espírito paranaense. Vamos deixar de ser hipócritas e posar de bons-moços. Há alguns anos, em 2004, o Coritiba denunciou o Atlético no STJD por ter possivelmente utilizado o goleiro Diego de forma irregular (no famoso escândalo do BID, que virou personagem principal no início do Brasileiro de 2004). Paraná e Coritiba, que nunca é demais lembrar, se uniram à figura de Oinareves Moura para tirar a Copa do Mundo da Arena. Isso é exemplo de paranismo??? (paranismo no sentido “das coisas do Estado do Paraná”, vale destacar)

Sobre a situação do caso Batista e esse festival de blá-blá-blás proferidos sobre uma possível participação atleticana na denúncia, vale a pena citar um post do Fórum Furacao.com, do usuário Thiago, que resume o que penso disso tudo:

Como o Eduardo Suplicy falou no caso Renan, quando falavam que tudo era motivo eleitoreiro: "Se eu colocasse um veneno na bebida de uma pessoa, e outra pessoa visse, e esta resolvesse me chantagear, isso anularia meu assassinato?” Ou seja, a pergunta não é se foi o Atlético quem denunciou, isso não importa, a pergunta certa é: "Está realmente ilegal?"


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