Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Conjunto da obra

03/09/2007


O Atlético não precisava apenas jogar melhor, mostrar mais determinação e dominar o jogo. Isso já aconteceu outras vezes. O Atlético não precisava fazer um gol logo no primeiro tempo, isso também já havia acontecido. Precisava mais. O Furacão de Ney Franco precisava mais do que isso. O Atlético precisava de conjunto, formado exclusivamente pelo torcedor e pelo seu clube do coração. E se torcida não ganha jogo, no mínimo faz parte deste conjunto da obra, e quando sincronizada com o time, desenha o traço perfeito da conquista.

A tarde de 02 de setembro foi uma tarde especial. O clima, há muito tempo não visto entre Atlético e torcedor, resgatou sim um pouco daqueles velhos tempos da velha e boa Baixada. Se não temos um time absoluto em campo, no domingo tivemos a comprovação de que a organização em campo conta muito para a vitória. Uma zaga bem postada, segura e comandada pelo goleiro Viáfara, foi o ponto de apoio do Furacão da Baixada contra o genérico de Minas. Danilo deixou de lado o desespero, Antonio Carlos deu a devida consistência e Rhodolfo foi um gigante. E o conjunto? O conjunto foi absolutamente assumido pelo goleiro atleticano, que levantou, emocionou e ditou o ritmo entre time e torcedor. Ele pediu apoio, ele cantou, ele aplaudiu, ele encantou e ele caiu nas graças do torcedor. Ao Viáfara, nossos agradecimentos pela vibração e pela vontade de vencer!

Poderia citar outros pontos importantes da vitória, entre tantos que contribuíram diretamente para os três preciosos pontos neste momento importante do campeonato. Entre eles, Valencia, um herói, marcado pelo cansaço e pelo êxtase de ter se doado o tempo todo, enquanto esteve em campo. Destaque também para Claiton, que esteve em todos os cantos do campo, chamando o jogo, brigando e tocando o time para frente. Foi castigado ao perder o gol de cabeça, que fecharia com justiça a bela tarde de domingo. Não posso deixar de elogiar a categoria e a vontade de Ferreira, que jogou em sua posição de ofício, e aí sim, deitou e rolou. Mesmo sabendo que contarei com a contrariedade de alguns, deixo aqui o agradecimento a Pedro Oldoni, que em um jogo, fez mais do que os ofuscados titulares que vinham atuando. Não é craque, logicamente, mas buscou o jogo, lutou, tabelou e por pelo menos três vezes quase marcou. E atacante é assim, precisa estar ali, no lugar certo, para que pinte uma chance de gol. Pedro não teve a competência para balançar a rede, mas teve competência para fazer funcionar o ataque atleticano em várias ocasiões.

Por fim, não posso deixar de citar os detalhes que fizeram do jogo de domingo um jogo diferente, com sabor de um verdadeiro Atlético e com a essência que sempre fez parte dos dias do nosso clube do coração. De Bolinha a Viáfara. Do torcedor da Buenos Aires até o torcedor da Madre Maria. Do apito inicial ao apito final, o Atlético de domingo foi um só. Foi o Atlético da superação, da determinação e, principalmente, o Atlético de sua verdadeira tradição. E não tem jeito, tradição ninguém modifica. Ainda mais quando se trata de paixão.

Ainda falta muito Atlético, mas o primeiro passo já foi dado. Parabéns a extraordinária torcida atleticana, que foi convocada e que provou que o conjunto da obra precisa estar completo para ser realmente vitorioso.

Nem o sol...
Nem o mar...
Nem o brilho... das estrelas...
Tudo isso, não têm valor...
Sem ter você...


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