Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Crenças da velha Baixada

28/08/2007


Já vi muita coisa no mundo do futebol. Viradas históricas, gols de quase todos os jeitos, derrotas improváveis, vitórias inesperadas. Já vi torcida empurrar o time para a conquista, e torcida jogar contra o time, jogando o time para a desgraça. Já vi muita coisa surpreendente neste esporte que nos encanta, que nos faz cantar e por algumas vezes, nos faz desacreditar. Desacreditar na justiça, na vitória, na conquista.

Hoje, o coração de cada atleticano bate meio desacreditado. Perdemos um pouco da fé, da esperança de dias melhores. Perdemos, talvez, um pedacinho da nossa essência, tamanha a distância colocada dia após dia entre nós e o nosso Clube Atlético Paranaense. Perdemos um pouco da vontade, dos desejos e das convicções. Hoje, entramos na Baixada e sabemos que ali, já fomos imbatíveis. Hoje não mais. Cada um de nós está mesmo caindo, cada vez mais, no desânimo de um tolo consumista. Nada muda, nada acontece, e o túnel, começa a querer ficar totalmente tomado pela escuridão.

A magia do Caldeirão

Pois bem. Eu, assim como milhares de atleticanos, por mais tristes que estejamos, queremos, precisamos e temos a obrigação de salvar o nosso Atlético. Ainda há tempo, ainda há esperanças, e se ainda é difícil de resgatar o otimismo, é hora de encontrarmos, em algum lugar, um motivo para voltarmos a acreditar. Eu olho para o passado, e não consigo imaginar que o meu Atlético possa voltar a um mundo o qual não nos serve, o inferno da segunda divisão.

Fecho os olhos, e consigo sentir pulsar, exatamente, a força da velha Baixada. As faixas, as bandeiras, bandeirões e corações, erguendo em uma só voz o que já chamamos de caldeirão do diabo. Ali, meus amigos, não tinha pra ninguém. Perdíamos, é verdade, como se perde qualquer batalha no mundo da bola, mas tínhamos raça, tínhamos peito, tínhamos vozes, tínhamos força. Ali, no velho e poderoso Joaquim Américo, a bombástica Baixada, os amigos eram irmãos, os irmãos eram amigos, e todos eram verdadeiramente grandes atleticanos.

E quando me recordo de tudo isso, não posso imaginar que hoje o meu Atlético esteja passando por tantas e tantas dificuldades. Não posso acreditar que tantos equívocos estejam sendo praticados e tantas maldades continuem sendo feitas para maltratar este povo sofrido, apaixonado e fiel.

É hora de salvar o Atlético! Não importa o que ficou para trás neste ano maldito, penoso e cruel. Importa é que precisamos do nosso Atlético de volta, e o Atlético, unido, pode nos fazer voltar a sorrir. Não há mais momento exato para se dar a partida. Não há mais o que se pensar na liberação de todos os adereços de arquibancada, bandeiras, bandeirões e corações. Precisamos, novamente, levantar o Atlético, sacudir o astral e dar a volta por cima.

Se os valores de ingressos são os grandes atrativos para a volta do torcedor rubro-negro, que sejam também atrativos a vibração, a energia e a magia da velha Baixada. É hora do grande diferencial, e de provarmos ao Brasil inteiro que nós temos sim, a força para retomar a invencibilidade no Joaquim Américo. Que se acabem as restrições, que os Fanáticos continuem sendo os verdadeiros Fanáticos, que os Ultras continuem sendo Ultra atleticanos, e que o povo atleticano seja um só, em uma só voz.

Eu quero a bateria, eu quero a caveira, eu quero as faixas, eu quero as bandeiras, os bandeirões e os corações. Eu quero ajudar a salvar o meu Atlético. Eu quero continuar na primeira divisão.


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