Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Estender a mão

22/08/2007


Tive sede e me negou água limpa. Tive frio, e me negou guarida. Tive fome, e me negou comida. Tive medo, e ao invés de seu abraço, levei um tapa. Estive só, e você me riscou do mapa. Tive noites de abandono e me negou seu teto. Tive a pique de deixar o amor ruir, mas a sensatez falou mais alto.

A vida do atleticano nunca foi fácil. Nunca mesmo. Anos e mais anos sem títulos, estádio acanhado, nosso maior rival ganhando tudo por ter times mais fortes dentro de campo, e por estar intimamente ligado nos bastidores da bola fora dele. Depois Pinheirão, fria e gélida lembrança de poucos públicos e poucos títulos. Nada foi fácil na vida do rubro-negro mais querido dessas plagas!

Depois tudo se transformou. Nos deram asas. Mas para abraçar o abismo, é necessário ter asas. E nos deram! E fomos E como Ícaro, chegamos tão perto do sol, que a queda foi inevitável. Estivemos onde nunca imaginamos. Estivemos onde muitos de nós jamais sonhamos. ”Você é responsável por tudo aquilo que cativa”disse a Raposa ao Pequeno Príncipe. E quem nos fez sonhar, se tornou responsável por aqueles sonhos.

Sonhos que foram ruindo. Que foram virando pesadelos. Sonhos que nos negavam a felicidade.

Tive sede e me negou água limpa. Tive frio, e me negou guarida. Tive fome, e me negou comida. Tive medo, e ao invés de seu abraço, levei um tapa. Estive só, e você me riscou do mapa. Tive noites de abandono e me negou seu teto.

Agora me estende a mão!

Agora somos novamente fortes. Agora podemos voltar a sonhar. Não que o sonho vá ser melhor que os anteriores, mas temos a vantagem da experiência em saber que sonhar só por sonhar não nos traz realização. Temos que realizar, concretizar!

Queríamos qualidade, nos deram Ramon e Antonio Carlos. Queríamos mudanças no comando técnico, foi-se Lopes e também o coordenador Oscar Yamato. Queríamos voltar a poder torcer como sempre fizemos em nossa própria casa, que nem parecia mais nossa? Ingressos a preços justos, faixas, bandeiras e volta da festa que somente o atleticano consegue fazer.

Agora chegou a nossa parte. Chegou a hora do torcedor atleticano provar para si mesmo, e não para a direção, nem para os outros ou quem quer que seja que não somos uma “falácia”. A hora é do apoio incondicional, irrestrito e de forma responsável.
Derrotas virão, sem dúvidas. O time está renovado, com novo comando, mas não será por mágica que se transformará numa máquina. Mas ao menos em casa temos que fazer a diferença! E vamos fazer a diferença.

Os próximos dois jogos, fora de casa, serão duros e temos que estar preparados para tudo. Temos que estar preparados para um possível revés e fazer de tudo para que isso se inverta dentro de nossa casa.

Queríamos ao menos estar novamente ao lado do nosso Atlético, e isso a direção teve sensibilidade em nos dar nesse delicado momento. ”Viveremos juntos, ou morreremos separados” diria o Dr. Jack Sheppard, do seriado Lost. Agora temos a chance de estarmos ao lado do clube que amamos, aconteça o que acontecer!

Nos estenderam as mãos, vamos pegá-las e lado a lado caminhar junto do Atlético rumo à recuperação nesse campeonato brasileiro.

ARREMATE

“Mas não faz mal/
É tão normal ter desamor/
É tão cafona sofredor”
Você Abusou – Antonio Carlos e Jocafi


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