Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

O sonho e o pesadelo

17/08/2007


O Sonho ou o Pesadelo? Como vai ser nosso fim de Campeonato Brasileiro?

O Pesadelo

Domingo, 02 de dezembro. Dagoberto faz o 4º gol do São Paulo na vitória por 4x2 sobre o Atlético, em plena Baixada. Com o resultado, o Furacão não escapa da degola e é rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro. A torcida, que antes do fim do jogo gritava “Fora Petraglia” e vaiava insistentemente os jogadores Netinho e Evandro, agora só consegue lamentar em silêncio, humilhada mais uma vez dentro do Caldeirão.

No fim do jogo, Petraglia dá uma entrevista criticando a imprensa. Dizendo que todos querem o mal do Atlético, e que fazem de tudo para conturbar o ambiente. Fala que não há problemas em cair para a segunda divisão, pois o time tem toda a estrutura necessária para subir. “Nada diminui nossa grandeza. Caímos por uma fatalidade, mas estamos tranqüilos pois temos uma grande estrutura que certamente nos permitirá retornar à 1ª Divisão já no ano que vem. Daqui a alguns meses, divulgaremos o projeto de conclusão da nossa Arena, e com ela terminada poderemos investir mais no time. Nosso torcedor precisa entender e apoiar nessa hora, tem que se associar e contribuir para o Clube.”

Segunda-feira, a Furacao.com publica a coluna: “Hora de Apoiar”. O autor diz que o projeto não pode parar, que confia no homem que nos fez crescer do nada. Que somos maiores que os coxas, temos um estádio moderno, um CT invejável, e que se o torcedor se associar e fizer a sua parte ($), o Atlético voltará à Primeira Divisão, pra brigar pelo título e sonhar em conquistar a Libertadores.

Terça-feira, nenhuma manchete sobre o Atlético, pois o CT continua fechado à imprensa. O site oficial diz que Artur Maurício (volante de 19 anos contratado junto ao Guarani) está “confiante” em voltar à elite do futebol já em 2008. Um hotsite traz as novidades para a associação para o ano seguinte: “Torcedor, se você ama o C. A. Paranaense, faça sua parte! Planos de R$ 70,00 ou R$ 100,00 mensais. Ganhe de brinde uma caneta e um chaveiro”.

A vida segue. Pré-temporada, contratação de novo treinador. Quem sabe Vadão. Quem sabe Heriberto da Cunha. E o atleticano segue sua sina, de sonhar com a grande infra-estrutura, e acordar com um time de futebol fraco e ingressos cada vez mais caros.

O Sonho

Domingo, 02 de dezembro. Dagoberto perde um pênalti. Minutos depois, o atacante Washington, que retornara do Japão, recebe de Alex Mineiro (já recuperado da contusão), cabeceia para o gol e faz 4x2 em cima do São Paulo, definindo a vitória atleticana. Com o resultado, o time paulista perde o título para o Cruzeiro. Dagoberto fica inconsolado, Richarlyson chora. A torcida atleticana faz uma festa incrível. Não pela conquista da vaga na Sulamericana, mas por recuperar sua identidade.

A decisão da diretoria de diminuir o ingresso na metade do Campeonato Brasileiro havia reacendido a paixão do torcedor. A liberação das bandeiras e adereços devolveram ao estádio o colorido e o encanto característico do Caldeirão. As grandes caveiras balançam durante a festa dos Fanáticos. Os sinalizadores iluminam o começo de noite, enquanto o torcedor volta para casa satisfeito, mesmo sem títulos, mesmo sem uma grande campanha. Esta era a Baixada, esta era a torcida, este era o Atlético que ele conhecia.

No fim do jogo, Petraglia dá uma entrevista agradecendo o apoio da torcida. Anuncia que o preço do ingresso vai continuar a R$ 15,00 nos setores atrás dos gols, e que haverá um plano de associação por R$ 40,00 mensais. Reconheceu que os valores altos não geraram um acréscimo significativo de receita ao Clube, e que o apoio da torcida não tem preço.

Segunda-feira, a Furaco.com publica as colunas: “Para sempre Atlético”, “Alex Mineiro Eterno”, “A Magia do Caldeirão”, entre outras. Os colunistas exaltam o crescimento do Atlético no segundo turno, o ressurgimento da torcida rubro-negra e falam, otimistas, dos planos para 2008.

A vida segue. A torcida vai retornando aos estádios, apóia mais o time. Deixa as vaias de lado, dando tranqüilidade para os jogadores jovens, como era há alguns anos. O time ganha algumas, perde outras. Mas o torcedor, em nenhum momento, se preocupa. O Atlético que ele sempre amou, estava de volta.

Extremos

Sim, são dois extremos. Se é pra sonhar, vou sonhar com tudo que eu queria no Atlético. Já o "pesadelo" não está nada longe de acontecer, mantida a atual situação.

Esta coluna não é um protesto, nem um desabafo. É a mera expressão do meu atleticanismo hoje. Infelizmente, hoje, só nos resta sonhar.


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