Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Torcida do Nescau

16/08/2007


Ontem, vendo um “sopro” que nem de longe lembrava o retumbante Furacão das Américas, descobri que não há nada nessa vida que machuque mais do que o sentimento de impotência.

Empiricamente concluí que muito maior do que uma decepção ou derrota sofrida é a sensação de não poder fazer MAIS nada para reverter essa situação.

A humilhação que nos foi imposta pelo time do Vasco dentro do nosso reduto fez ferver o meu sangue, assim como do mais tranqüilo torcedor e desencadeou a revolta que, há muito, vinha sendo adiada.

Indignação plenamente justificada, seja pela Arena cada dia mais despovoada, pelos altos preços dos ingressos – inversamente proporcionais à qualidade mostrada nos gramados, pelas histórias mal contadas, pela ausência de vitórias, de sorte e principalmente de respeito ao torcedor, etc.

Enfim, a lista é bem longa e os diversos fatores que têm dado corpo a essa má fase são amplamente conhecidos pelo povão atleticano. Sabemos os culpados, os problemas, mas, e as soluções?

Eu, infelizmente, não as tenho e se tivesse provavelmente não teria como colocá-las em prática e, também, longe de mim a pretensão de querer apresentar um projeto milagroso ou algo nesse sentido. Porém, meu coração atleticano mostra que, se prevalecer essa queda-de-braço desleal entre Diretoria e torcida, não chegaremos a lugar nenhum.

Não sei se todos os leitores desta coluna freqüentam a Arena, mas posso dizer de carteirinha (do “caparanaense”) que o “negócio” nunca esteve tão feio: cadeiras vazias, cornetagem geral e um time do qual você não consegue sentir raiva, pois é digno de pena!

Confesso que, tirando os que foram impossibilitados financeiramente, já coloquei em xeque a paixão de torcedores que não comparecem ao estádio pra dar uma força, mas hoje vejo que nem esses podem ser criticados por não estarem dispostos a se estressar ou, simplesmente, por não quererem compactuar com esse esquema de que o torcedor só serve pra pagar ingresso!

Aliás, estou até admirando quem consegue dizer NÃO a sua paixão!

E tem aqueles que comparecem, mas reclamam. Estes, agora, também estão anistiados das minhas críticas, porque nem eu tenho mais paciência.
Tumulto? Não faz meu estilo! Mas não recrimino a atitude do torcedor que invadiu o campo tentando chegar ao pombal. Aquele rapaz era o retrato do atual torcedor: desesperado! E assumo que de certa forma eu estava ali com ele, correndo, buscando respostas aos pés do ditador.

São questões tão singelas, porque nos privam desse jeito? Por que não se respeitam mais os atleticanos? Por que não temos o direito de manter o nosso nome? Por que temos que calar a nossa torcida? Por que acabar com a mística da Arena, com a nossa identidade, cantos e símbolos? Por que não nos escuta? Por que não nos devolve a alegria?

Perdi a esperança de ver tais indagações respondidas: só sei que quero o meu ATLÉTICO de volta, quero enterrar essa falácia de Paranaense e quero ver a Arena cheia, seja com meio ingresso, agasalho ou latas de Nescau. Aliás, não vejo demérito nenhum em fazer uma boa ação para as pessoas carentes e para um time precisando urgentemente de ajuda!


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