Rafael Lemos

Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.

 

 

Acendeu a luz amarela

05/08/2007


Com 32 anos de idade – 25 dos quais dedicados diariamente ao nosso querido Clube Atlético Paranaense – posso dizer que já vi e vivi muita coisa nesta minha existência.

A grande vantagem de já ter vivido um bom pedaço é que a gente não se ilude muito, não se desilude tanto, não se desespera fácil. Honestamente, afirmo a todos que lerem esta coluna que o nosso Atlético não cai para a Série-B (ainda que mereça e esteja fazendo por onde, mas não cai).

Não cai porque, a exemplo do que já aconteceu no ano passado, outros times mais fracos ocuparão as quatro vagas reservadas à degola no próximo mês de dezembro.

Porém, gostaria de deixar aqui bem claro que, em verdade, o Atlético não entra em campo desde aquele primeiro jogo da final da Libertadores-2005, em Porto Alegre. Naquela noite fria de julho, o Atlético colocou em campo – pela última vez – uma equipe competitiva, uma equipe que tinha alguma chance, alguma pretensão, algum futebol para mostrar.

Depois, não houve mais Atlético, pelo menos não houve mais um Atlético competitivo, valente, aguerrido. Aliás, já no segundo jogo da final, colocamos em campo um time abatido, vencido, alquebrado, frágil, entregue.

Naquela noite em São Paulo, a gente não saiu vice-campeão do estádio do Morumbi; a gente já entrou vice-campeão.

Nada está perdido, ainda tem muita coisa para acontecer neste brasileirão nivelado por baixo. Acredito no Atlético e vou com ele onde ele for.

Acredito que a “Falácia” – parece que é assim que andam chamando a nossa torcida – vai fazer toda a diferença, aliás, ela sempre fez. É hora de a massa ficar cega, uma vez mais, e amar o Atlético sobre todas as coisas.

Nada está perdido, acredito no Atlético e em seus Diretores, todavia gostaria de pedir aos nossos Diretores um pouco mais de humildade: ouçam a massa – ou a Falácia, se preferirem – não é possível que a verdade esteja apenas do lado de vocês. Nós, torcedores, também entendemos de Atlético e temos por ele um amor enorme.

Há tempos a gente pede coisas importantes, e ninguém nos dá ouvidos. Pedimos um preço de ingresso avulso mais acessível, e nada: ou a gente compra o pacote, ou a gente é tratado como “Falácia”. Pedimos a liberação da bateria na Arena, e nada: parece que estádio de futebol virou catedral – não pode nada! Pedimos reforços, e veio o Clayton: aí fica ruim! Haja paciência!

Diretores, por favor, ouçam o povo, não é possível que só vocês saibam o que é melhor para o Atlético, nós não somos idiotas, nós também conhecemos o futebol e queremos que nossa voz seja ouvida e atendida, na medida do possível.

Dia desses, escrevi sobre a final de 1990 – a maior decisão da quase secular história do futebol paranaense – felizmente vencida pelo Atlético. Dos inúmeros e-mails que recebi, resolvi selecionar alguns para que vocês possam entender qual é o sentimento da torcida do Atlético, essa massa maravilhosa, lutadora, maior patrimônio que temos, essa gente que – junto com vocês – fez do Atlético um gigante.

Por favor, leiam e reflitam, com humildade: somos todos ATLETICANOS, sem distinção. Estamos TODOS JUNTOS – uma vez mais – em prol do ATLÉTICO, como sempre estivemos, nesses 83 anos de História. Seguem as mensagens dos amigos atleticanos, a quem já deixo aqui meu forte abraço e minha gratidão.

“Rafael! Não sei se sua intenção ao escrever esse texto era fazer algum atleticano chorar, pois se foi, conseguiu! Não consegui me conter ao lembrar desses fatos, fatos que marcaram a vida de um gurizinho de 10 anos! Não só por motivos futebolísticos... também, por eles né?... afinal, me lembrei duma cena engraçada... como o Atlético atacou nesse segundo tempo do jogo com o Operário, o gol do viaduto, ali na Vila Capanema, meu pai resolveu levar meu irmão e eu para assistirmos ao segundo tempo na parte da torcida do Operário... foi muito engraçado, eu com 10 anos, meu irmão com 8... e não podemos comemorar o gol do CAP! Mas o que mais me emocionou, e sempre acontece quando falam desse título de 1990, é que meu avô faleceu nesse dia 05 de agosto de 90... o que foi uma alegria enorme para nós atleticanos, pra mim ficou marcada também como uma agradável lembrança do meu vozinho... Rafael...muito obrigado pelas agradáveis lembranças que seu texto me trouxe!
(Fábio Teixeira, 27 anos - Curitiba, Paraná)

“Putz, Rafael, que lembrança boa! A primeira vez que fui a um estádio foi ao Atlético x Operário, na Vila Capanema. Lembro-me dos ônibus da torcida do Operário passado sobre o viaduto após o início do jogo... O segundo jogo que fui foi a decisão, naquele domingo nublado, onde helicópteros jogavam adesivos do Banestado, com o distintivo do Atlético, sobre a torcida... Que festa! Que recordação maravilhosa! Grande abraço!
(Daniel Justen, 29 anos - Curitiba, Paraná)

“Maravilhoso texto. Estive na segunda partida e realmente, até deficiente pulava enaltecido com os gols do furacão, depois do título brasileiro, esse sem dúvida foi o mais emocionante que assisti! Parabéns, Rafael, me emociona ler seu texto!
(Edson Rios - Bauru, São Paulo)

“Essa sim é uma página linda da história do ATLÉTICO. Nesse dia 05/08/90 eu ganhei o melhor presente de aniversário que um guri atleticano ganhou em sua vida. Eu me orgulho muito desse passado do ATLÉTICO que muitos petraglistas metem o pau. Sou integrante da BATERIA DA TORCIDA OS FANÁTICOS e sempre quando chega o dia do meu aniversário comento com os meus amigos da torcida que o ATLÉTICO foi campeão no meu dia e que eu estava LÁ com o meu FANÁTICO PAI. Parabéns pela coluna é isso aí RECORDAR É VIVER O DIRCEU ACABOU COM VOCÊ. É NÓIS! ABRAÇOS
(Fábio Marques, 27 anos CURITIBA, Paraná).

“Espetacular Coluna, Parabéns! Obrigado por me fazer lembrar daquele momento histórico que passamos, apesar de ter na época apenas 12 anos e a poucos dias de completar 13, lembro como se fosse ontem e exatamente o que passávamos com as gozações dos "melancias". Confesso que me emocionei lendo sua coluna. Obrigado por reavivar minha memória. P.S: Lembrei de mais uma canção que cantávamos naquele tempo ...”olê-lê, olá-lá eu sou é Rubro-Negro Campeão do Paraná”. Abraço.
(Jefferson Luiz Maciel - 28 Anos - Assistente Financeiro).

“Eu estava lá, nos três ATLEtibas, você está certo foi a final mais eletrizante da história. Nunca vou esquecer desta imagem, a bola encobrindo o goleiro troxa e indo morrer no fundo das redes. Estava com meu cunhado, amigos e o povão RUBRO-NEGRO na curva do gol da igreja ao lado das sociais do pinga mijo, foi muito bom ver os babacas verdes chorando e fugindo de vergonha. Alguns minutos antes do término da batalha não vi mais nenhum troxa na frente: todos se esconderam. Foi o melhor ATLEtiba da minha vida. Obrigado por relembrar esses momentos, hoje compartilhei essa conquista com a minha filha Laryssa de 4 meses, apesar da idade e distancia já esta sendo doutrinada para ingressar nesta Paixão chamada CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE.
(Paulo Vicente Olmedo, 41 anos – Chicago – USA)

“Nossa cara, lendo a sua coluna, me lembrei de tanta coisa... fui neste jogo na vila contra o operário. No jogo de quarta à noite não fui, mas no de domingo estava lá, eu mais dois amigos da minha rua, que festa. Tempo sofrido, a gente nunca almejava nada além de um paranaense de vez em quando, mas pelo menos podia fazer uma festa na arquibancada. Às vezes fico na dúvida do que é melhor. “Recordar é viver, Dirceu acabou com você” -foi a primeira coisa que lembrei quando comecei a ler. Já mandei e-mail para o site e para alguns colunistas (furacao.com e movimento pelo Atlético), precisamos pelo menos voltar com a alegria de poder torcer, a festa na arquibancada, pela volta: das faixas e bandeirão; pela volta dos sinalizadores; da caveira de isopor; pela união dos setores "gols" e "curva"; pela liberdade de acesso aos setores similares; pela redução do valor dos setores "gol" e aumento do setor "reta superior". Saudações.
(Mauro, 33 anos - Curitiba, Paraná)

Olá, Rafael! Estou faz mais de 1 ano aqui na Alemanha, sofrendo de longe por duas coisas: família e saudades da Baixada. Esta sua coluna me fez lembrar talvez o primeiro título que eu realmente vivi, pois tinha quase 12 anos e já sofria no colégio, nas calçadas onde jogava bola. Fui às finais de 85 e 88, mas a de 90 está guardada em um lugar especial. Foi muito legal ler isso! Parabéns! E Pra Cima Deles Furacão! Abraços.
(André, 28 anos - Witten – Alemanha)

“Olá Rafael! Parabéns pela grande matéria, realmente emocionante! Esse foi o meu segundo título "ao vivo", eu tinha apenas 11 anos! Foi incrível o dia seguinte no colégio, me senti a pessoa mais importante do mundo com a camisa do FURACÃO, comprada na extinta Fedato e com o logotipo do extinto Bamerindus, hauauaa! Esta grande conquista me trás muitas saudades do maior atleticano que já conheci, meu grande e eterno tio Lourival, que Deus o tenha! Mais uma vez, parabéns pela matéria e vamos esperar que as coisas melhorem daqui para frente! Sucesso, abração.
(André Luiz - GV Inferior/ 109)

Honestamente, reafirmo a todos que lerem esta coluna que o nosso Atlético não cai para a Série B, mas chegou a hora de a gente se unir e lutar para que isso não aconteça! Chegou a hora de virar o jogo, de honrar a camisa, de jogar além das forças, de gritar além do fôlego, de acreditar além da Fé.

Chegou a hora de sermos ATLETICANOS, como sempre fomos, ou como nunca imaginamos ser. Venceremos!


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.