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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Batido, sofrido, estraçalhado, sorridente, feliz, triste, ansioso, descompassado, cansado, iludido, apaixonado. Quem já não sentiu tudo isso, pelo menos já teve algum destes sentimentos neste cara que bomba dentro do peito. Ultimamente os atleticanos sentem uma espécie de mistura entre a dor, a raiva e a tristeza. Não está sendo muito diferente disso.
Hoje, lendo a coluna do excelente e surpreendente Rafael Lemos, confesso que não me contive e escorregaram algumas lágrimas. Lembrei, exatamente, até do lugar onde eu estava assistindo o jogo em 1990, quando o Atlético fez o meu coração explodir. Naquela época, nossos corações estavam sujeitos a tudo, ou quase tudo. O meu passou por alguns testes, mas graças ao meu bom Deus e aos combates que a vida me ensinou a superar, também superei os fortes golpes diretos no coração. Não foi fácil, mas ele, insistente e corajoso, nunca parou. Me deu alguns sustos, é verdade, mas nunca deu mostras que iria parar. Quase saiu pela boca em 1982, 1983, 1990, 1995, 2000, 2001, 2004, 2005, mas sempre agüentou firme, mesmo que às vezes precisasse de alguns dias para poder se recuperar e bater no compasso e no ritmo da vida novamente.
Um dia este nobre habitante se entregou. Não sei bem ao certo quando foi, mas se entregou a duas cores e de lá pra cá, jamais as abandonou. Aconteça o que acontecer, haja o que houver, hoje ele tem as cores do Atlético e veste uma capa vermelha e preta, das mais bonitas, com um grande orgulho. Um dia também, este pobre coração se entregou a outras pessoas, e se entregou a outros amores, e se quebrou inteiro, e se estraçalhou, e ficou com medo de amar de novo. E se partiu, aos pedaços, e chorou, e se sentiu traído, moído, esmagado, surrado, humilhado. Ele queria parar, era justo, afinal ele já teria sofrido demais. Mas lá dentro, mais algumas pessoas o seguravam, como se o levantassem com todas as forças me dando a certeza que nada, mas nada mesmo era mais importante que o amor de um pai.
Hoje meu coração sofre. Não vou negar, ele sofre cada vez que passo na frente do estádio de futebol que por tantas e tantas tardes eu passei apenas com o grande sentimento de estar na frente da minha própria casa. E eu levava lá todos os meus amigos, parentes e amores. E por lá eu ficava horas, horas e horas. E pulava, e cantava, e sorria, sem medo de ser feliz, afinal ali era o meu segundo lar. Sempre foi, mas hoje me bateu as portas e atingiu em cheio meu coração. Hoje eu não entro com toda a liberdade, não me sinto tão à vontade como em outros anos, quando meu time vermelho e preto, chamado Atlético Paranaense, ainda era um time que tinha milhões de donos. Mesmo assim, meu coração nunca foi ciumento, em momento algum.
Hoje, meu coração sente, sofre e chora, mas continua pulando de alegria quando o Atlético me dá um simples motivo. Não tem jeito, mesmo com todo o sofrimento, não consigo abandonar ou ficar longe do meu Atlético, que por enquanto, está nas mãos de um “dono”, que nunca foi dono dos sentimentos de ninguém.
Talvez hoje em dia meu coração, de tão maltratado, esteja desconfiado, assustado, e precise de uma atenção mais do que especial. Nestes últimos dias, senti que ele consegue pular, e sorrir, e bater feliz, no compasso, sem compasso, sem se preocupar, mas no ritmo de outro coração. E talvez seja mais um coração na luta por dias melhores, por uma vida melhor e por um Atlético que nos faça, como no passado, pular de felicidade, chorar de emoção e sorrir..... outra vez!
Dedico esta coluna a uma pessoa mais do que especial. Obrigado, Fabi!
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