Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Falácia é este time

02/08/2007


Tem momentos na vida que a gente deixa de ter raiva e passa a ter pena. Foi mais ou menos assim que vi o melancólico empate contra o Corinthians, ontem, na Baixada. Mais uma vez, empatamos em casa um jogo que merecíamos perder. Não porque o Corinthians seja um super-time ou tenha jogado muita bola (pelo contrário, este é um dos piores Corinthians da história), mas porque mais uma vez o Atlético em campo não jogou nada que faça lembrar, mesmo que vagamente, um TIME de futebol.

Admito que nos últimos anos o nível de exigência da torcida aumentou exponencialmente (resultado do título de 2001 e dos vices em 2004 e 2005, no Brasileirão e na Libertadores). Mas se ficamos mais exigentes é porque sabemos que o Atlético tem condições de DISPUTAR competições e não apenas PARTICIPAR. É porque sabemos que podemos ser protagonistas e não meros figurantes nas principais competições nacionais e internacionais.

O Atlético deste Campeonato Brasileiro não jogou mais do que meros espasmos raros de razoável futebol. E isso que estamos quase terminando o primeiro turno! Se olharmos a classificação até podemos ver quatro ou cinco times piores que o nosso. O problema é que nem desses a gente está conseguindo vencer! Mudamos de treinador e veio a infeliz realidade: nosso problema nem de longe era o comando técnico (apesar de eu apoiar incondicionalmente a saída do Vadão). As peças disponíveis ao treinador estão muito abaixo das necessidades que uma competição de nível intermediário exige (não existe nenhum super-time no Brasileirão, que a cada ano que passa mais se nivela por baixo). E pior: estamos promovendo numa fogueira (e queimando a rodo) meninos que vieram da base, que nem de longe podem ser encarados como a nossa salvação.

Estrutura moderna é sim um importante diferencial. Diferencial, mas não requisito básico e fundamental para que uma equipe vença competições. No futebol ainda o que faz a diferença é justamente o futebol. O que pode nos salvar não é uma super-mega-estutura, piscinas aquecidas com a melhor tecnologia de mercado, azulejos térmicos em nosso Centro de Treinamentos. O que pode salvar o Atlético são as pessoas que estão dentro do Atlético, que dão vida ao Atlético. São os atletas, a comissão técnica, a diretoria e a torcida. Que mais uma vez precisam se unir, em torno de um ideal.

Agora, sem time e com a desunião propagada aos quatro cantos por nossa diretoria (que ao invés de chamar o torcedor para junto do clube prefere usar da arrogância em "engolir novas nomenclaturas" ou taxar o torcedor, ou melhor, o quadro de associados do clube de "falácia"), fica difícil vislumbrar algum tipo de luz no fim do túnel. Lamentável, porque sabemos que quando clube e torcida jogam juntos, o Atlético se torna um time, pelo menos, competitivo.


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