Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Os 5.495 do Morumbi

30/07/2007


Não são os 300 de Esparta, mas para mim soa quase tão épico quanto. O número que ilustra o título corresponde à quantidade de torcedores que foram ao Morumbi para assistir a Corinthians x Flamengo.

O histórico, ou marcante, do fato é que como todo mundo sabe, estamos falando dos dois times de maior torcida no Brasil. Seguramente ao somarmos corinthianos com flamenguistas, teremos como resultado a maior torcida do mundo, pelo menos até os chineses começarem a se interessar mais por futebol.

Não me parece prudente ou até sadio deixar de se preocupar com um público tão pequeno para um jogo que em condições normais movimentaria meio Brasil.

Quando procuramos por motivos para o inusitado, trememos com o frio, nos molhamos com a chuva, morremos de medo da violência, mas acabamos mesmo é dando de cara com a desilusão da torcida em relação ao desempenho pífio de seus times.

Fica o alerta para aqueles que acham que o futebol é supérfluo e que um time pode encher estádios só por causa da paixão. Nem sempre é assim. A paixão também deve ser correspondida e principalmente alimentada, caso contrário, se não acaba, pelo menos deixa de mover as coisas.

Os 5.495 do Morumbi são uma evidência de que o torcedor precisa também ser atraído com bons resultados e na impossibilidade óbvia de se conseguir isso sempre, que pelo menos seja possível sentir um pouco de solidariedade, de cumplicidade, de compartilhamento de sentimentos de desagrado, quando as coisas não vão bem.

A nossa diretoria tem investido em marketing agressivo (infelizmente não na forma figurativa da palavra, mas literalmente falando). Não funcionou antes e não vai funcionar agora. O distanciamento não é bom para ninguém que tenha boas intenções.

Pelo bem do Atlético Paranaense, ao se manifestarem publicamente cobrem menos da torcida e aproveitem mais daquilo que ela está e sempre esteve disposta a dar de boníssimo grado: a paixão. O resto vem como conseqüência.


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