Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Meu nome é Enéas

30/07/2007


De repente um sujeto franzino entrou no Congresso Nacional. Poucos cabelos mas com um olhar bem conhecido. Era Enéas Carneiro, também sem a barba que o fez um dos principais personagens da política nacional nos últimos 20 anos. Enéas não foi para a frente do espelho passar a lâmina na face. Ele estava doente. Com leucemia, perdeu a principal característica que o fez um dos deputados mais votados da história de São Paulo.

Já faz três meses que Enéas morreu. Além do bordão "Meu nome é Enéas" a lembrança que ficou foi do fenótipo extravagante que nos alegrava por 15, 20 segundos nos horários políticos.

Nas duas últimas semanas a discussão virtual entre amigos vem sido a mudança de nome do Atlético para C.A. Paranaense. Nostálgicos relembram dos momentos marcantes da nossa torcida com o atual nome. Afirmam que ninguém vai gritar "Paranaense" nas cadeiras da Kyocera Arena e que tudo não passa de mais um erro da cúpula vermelha e preta. Modernistas garantem que a jogada da diretoria é acertada e que Atlético está cheio pelo país e pelo mundo.

A mesma discussão eu assisti há oito anos. Quando Petraglia afirmou que o nosso estádio iria se chamar Arena da Baixada, revolta foi o que não faltou. "Arena é para gladiadores". "Vão transformar o estádio em partido político". "Arena não existe. É Joaquim Américo para sempre".

Prestes a ser sede da Copa do Mundo de 2014, o que vimos/lemos/escutamos por aí? "Gaúchos querem Arena parecida com a do Atlético". "Catarinenses fazem festa para a Arena Joinville". "Arena da Floresta, mirada em exemplo atleticano, é destaque no Acre". "Arena do Rio". "Arena de São Paulo". "Arena da Bahia". Ou todo mundo gostou do nosso maior patrimônio ou a Aliança Renovadora Nacional voltou.

Chamem do que quiser: Joaquim Américo, Arena da Baixada, Kyocera Arena, Caldeirão. Todo mundo sabe o que é e como é.

C.A Paranaense ou Atlético? Uma marca vai matar a outra? Duvido. Ninguém vai deixar de ser mais ou menos atleticano por causa disso. Ninguém vai cantar "Paranaense, Paranaense conhecemos o seu valor e a camisa rubro-negra só se veste por amor". Tudo vai continuar como antes. O que mudará é a possibilidade do nosso clube fazer sucesso no exterior. E eu não vejo nenhum mal com isso.

Chamem do que quiser: Atlético, Atlético Paranaense, CAP, C.A. Paranaense. Ninguém vai para a frente do espelho, passar a lâmina na face e tirar a barba. Não estamos doentes como outrora Enéas estava. E o nosso nome todo mundo sabe. Até sem bordão.


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