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Fernanda Romagnoli
Fernanda Romagnoli, 51 anos, é atleticana de coração, casada com um atleticano e mãe de dois atleticanos. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.
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Estádio cheio, balões vermelhos e pretos, euforia, palmas, muitas palmas. Não há qualquer sinal de apreensão, que não pelo início imediato do jogo. Fogos, fumaça, gritos de “vamos lá time!”. Chamados, esperançosos, dos nomes dos integrantes da esquadra. Vibração, gols, muito gols.
Gostaria de escrever algo que fizesse as pessoas esquecerem as coisas que têm dado errado. Um texto com palavras tão encorajadoras e animadoras que fizesse, neste instante, você recobrar o espírito brigador de todo atleticano de briga boa. Aquela em que você briga contra o desânimo, empurrando-o para o fosso, alem das redes, enterrado em meio ao concreto de nossa casa, morto. Gostaria que estas palavras entrassem em seu coração como os sinalizadores vermelhos, daqueles que colorem nossas cadeiras em meio a um jogo, dos bons. Como final de campeonato, todos os dias.
Palavras que fizessem os lados multidimensionais de oposição e situação serem um só, chapado em rubro-negro, nem uma corzinha a mais. E que esse único lado seja uma bandeja, oferecendo nossa cooperação. Palavra que exprime o “operar junto”. Se tivermos que lembrar de divergências, então que nos lembremos que a desunião colocou nosso principal adversário em uma instância tal, que nem mais nosso adversário ele é.
Gostaria que estas palavras fossem tão animadoras, motivadoras, e empolgantes e que ao mesmo tempo, se reflexivas, que defenestrassem outra possibilidade que não a vitória. Tudo isso de uma forma tal que fizesse você esquecer-se da vaia, dos xingamentos, do “isso não vai dar certo”. Que fizesse o torcedor que nunca vai simplesmente ir. Lógico, gostaria que até os que não podem ir, fossem. Não quero pensar no porquê de não poderem, não agora.
Que o crítico se encontrasse com o conformista e que ninguém soubesse quem é quem. Que nos fizesse cantar o hino como nunca, e que isso fosse uma constante, amanhã, e depois, e depois. Que tudo isso, ânimo, encorajamento, motivação, empolgação, união, esperança, fosse tanta, mas tanta, que chegasse até o gramado e que entrasse pelas chuteiras, pernas, braços, cabeça e coração. E que ainda assim, fosse tão grande, tão imenso, que extrapolasse e virasse o escudo, a armadura, o elmo de nossos soldados.
Meu ideal era que o Clube Atlético Paranaense sempre fosse o que ele nasceu para ser, um time de futebol, naquilo que o futebol nasceu para ser. Alegria. Infelizmente, coisas da vida: em uma partida um perde e outro ganha. O empate não nos serve neste momento. Infelizmente também, em um time do tamanho do nosso Atlético, não é só o futebol que importa. Mas isso tudo é uma realidade que quero esconder com o meu ideal.
Este texto foi inspirado, por admiração e não petulância, no excelente “Meu ideal seria escrever...” do também excelente Rubem Braga.
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