Juliano Ribas

Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.

 

 

Vigor sem jaça

16/07/2007


Substituição no Atlético: sai desânimo, entra vigor sem jaça. Para os próximos compromissos foram convocados também o sangue forte e o destemor da própria morte. Chegou a hora de mostrar que a gente honra a letra do hino mais bonito do Brasil.

Nos próximos dias o Atlético Paranaense tem dois jogos importantes para uma recuperação e a busca de um fôlego novo no campeonato, contra Juventude na Kyocera Arena e América em Natal. Seis pontos fundamentais para uma boa seqüência no certame. E vencer o jogo de quarta feira, marcando o reencontro com as vitórias no Caldeirão, será o primeiro passo de uma nova caminhada.

Tivemos dificuldades nas últimas rodadas. Problemas com suspensões e contusões desestruturaram o time e tivemos tropeços que nos fizeram cair na classificação. Mas agora peças importantes do elenco estão de volta, como o ídolo Alex Mineiro, e o jogo é em casa. A casa que sempre foi um verdadeiro abatedouro precisa voltar a ter a mística. E essa mística retornará com uma força positiva, do início ao fim do jogo. Não vai voltar com desconfiança, irritação, azedume, impaciência, cobrança exacerbada, egoísmo.

Este texto não é uma conclamação da torcida para que vá em peso ao estádio, não tenho esta pretensão. Apenas acho que o clima entre os atleticanos anda funesto, e, na minha opinião, de forma exagerada. Ver a situação por um prisma positivo, seja qual for esta situação, sempre é um valoroso exercício de dedicação e de honra. Abaixar a cabeça é para quem não tem vigor sem jaça. Por isso, mais do que lotar a Baixada, é melhor que se apresentem nas dependências atleticanas aqueles que são fortes o suficiente para estar ao lado do Atlético quando este mais precisa, como um amigo que ajuda o amigo em dificuldade.

Eu não quero aqui dizer o que deve ser feito a ninguém. Esse texto, assim como todos os outros, nasceu da minha forma de ver a vida. Eu quando vejo a dificuldade, não fico com os joelhos batendo na frente dela. Por maior que seja o obstáculo, eu vou em frente, sigo adiante e acredito sempre que vai dar pra superar. O que me resta? Reclamar? Arranjar subterfúgios para fugir da raia? Eu, pessoalmente, não tenho esse proceder, é inerente a minha índole a eterna busca da superação. Sou carne de pescoço, feito à facão. Perdoe-me o leitor por dividir essas idiossincrasias, mas foi a forma que eu encontrei de dizer que a melhor maneira de vencer é nunca esmorecer.

Chega de arranjar desculpa. A missão do torcedor é acreditar no clube, independente de como este esteja. Zinder Lins nos escreveu a síntese de ser atleticano: somos aqueles que não temem a própria morte. Não temer a própria morte é nunca esmorecer, entregar os pontos. O vigor sem jaça, ou seja, a força sem mácula, a energia sem desvios, tem que vestir antes os atleticanos, para depois vestir os jogadores que representam a nossa fé. Não se cobra raça dos jogadores se nós não a temos. E é preciso raça para fazer um time sair de uma fase difícil, é preciso raça para acreditar, não vaiar a camisa Rubro-negra, apoiar mesmo no erro. O sangue forte pulsa nas veias do atleticano que sabe que nunca foi fácil a nossa vida, que ser atleticano, mais do que apenas gostar de um time, é amá-lo na alegria e na tristeza e saber que as tristezas, assim como na vida, são recorrentes e que as alegrias são uma busca.

Nunca fomos um papa-títulos, nunca fomos um time com um histórico de facilidades. Vai dizer isso para as gerações que viam um título do Atlético a cada doze anos. Esta dificuldade que se apresenta diante da gente hoje é fichinha perto de outras que já passamos. E que passamos com toda a nossa firmeza inarredável. Temos que voltar a acreditar naquilo que temos, jogue quem jogue. Portanto, estão convocados, entre os mais de milhão de apaixonados pelo Atlético Paranaense, aqueles que têm vigor sem jaça de sobra. Estão convocados como sempre estiveram, simplesmente porque o Atlético Paranaense existe. Esteja onde estiver, todo atleticano vigoroso vai acreditar na volta por cima do Furacão. Esta semana e sempre.

Escrevi, escrevi, mas acho que tudo isso está sintetizado em versos épicos, que a cada vez que lidos, cantados, relembrados, nos fazem voltar à essência da nosso existência. Uma lição eterna para ser tomada e retomada, como uma oração, por aqueles que nunca esmorecem. Palavras épicas como todas as nossas conquistas e todo o sentimento vermelho e preto que explode dentro do peito toda vez que o Atlético entra para a próxima luta. Nesta quarta feira, às 20h30 são estas palavras farão minha alma pulsar:

"A tradição, vigor sem jaça
Nos legou o sangue forte
Rubro-negro é quem tem raça
E não teme a própria morte!"

Nunca as palavras expressaram tão bem a alma de um povo. Está na hora desse povo lembrar da sua essência.

Força, Atlético! Conhecemos teu valor!


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