Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

A revelação de novos talentos

11/07/2007


“Temos uma parte coletiva muito forte, no qual não possuímos um destaque, o nosso diferencial é a coletividade.” Este é um trecho da declaração de Ricardo Vargas, novo treinador atleticano dos juniores analisando o elenco que disputará a Taça Belo Horizonte. Outro dia ouvi um comentário, acredito que do Caio, ex-atacante de São Paulo, Santos e Botafogo, que o mais importante nas categorias de base é a revelação de jogadores e não a conquista de títulos. Claro que vencer é bom, mas de acordo com o entrevistado, esta pressão por conquistas tem feito os treinadores da base apostarem mais no futebol de resultados do que na prática de fundamentos, por exemplo.

O reflexo disso é a constante promoção de jovens carentes de fundamentos como um bom passe e chute. Formam-se jogadores vencedores, com espírito competitivo, mas com baixa qualidade. Evidente que o êxodo para Europa e Ásia e a concorrência interna também obriga os clubes a profissionalizarem seus garotos cada vez mais cedo, antecipando etapas fundamentais da formação do atleta.

O Atlético foi neste ano campeão juvenil e infantil, faltando apenas o título da Copa Tribuna de Juniores. Recentemente venceu a Taça Belo Horizonte, sagrou-se bicampeão da Dallas Cup e triunfou na Copa Saprissa. Excelente! Achei ótimo e fiquei orgulhoso de ver meu rubro-negro vencendo tantas competições expressivas, afinal sempre gostei de acompanhar e torcer pelas categorias de base. No entanto, o objetivo principal do clube deve ser a formação de bons jogadores para serem titulares e continuarem conquistando títulos pela categoria profissional. E se analisarmos bem, o Atlético tem se especializado em conquistas, mas revelado muito pouco, pela infra-estrutura e potencial formador do CT do Caju.

Voltando à declaração do treinador Ricardo Vargas, interpreto que provavelmente os jovens atleticanos farão uma boa campanha na Taça BH deste ano, mas pelo que o próprio afirmou não contamos com nenhum jogador de destaque. Com isso já passo a apostar na próxima geração de Choco, Eduardo Salles, Douglas Catita, Pimba e Raul esperando que a maioria destes brilhe futuramente entre os profissionais. Da atual, pelo jeito a esperança fica restrita ao goleiro João Carlos, o polivalente Gerônimo e talvez o meia Dudu.

Posso até estar equivocado, mas na época de Lio Evaristo muitos jogadores foram aproveitados no time de cima. Acompanhei alguns treinamentos do Lio e sempre notei que gostava de insistir nos treinos de fundamento e posicionamento. Importante também, neste processo, é contar com um treinador do profissional que abra espaços para os atletas revelados no clube, como bem faz Antonio Lopes, senão todo o trabalho e gastos com a base é jogado fora, como aconteceu com Vadão que raramente escalava jogador recém promovido.


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