Sergio Surugi

Sergio Surugi de Siqueira, 66 anos, é Atleticano desde que nasceu. Neto de um dos fundadores, filho de um ex-presidente do Atlético, pai e avô de Atleticanos apaixonados, é doutor em Fisiologia e professor. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2009.

 

 

Decifrando o segredo

02/07/2007


Segundo o best-seller de auto-ajuda, “O Segredo”, falar e fixar-se afirmativamente sobre um sucesso, um desejo, um objetivo, pode ser a diferença entre a conquista e o fracasso.

Nas raras entrevistas que nos são brindadas, os dirigentes Atleticanos têm se preocupado em esclarecer que o futebol não é o principal, mas sim o único objetivo do Atlético. Se isso é verdade - e eu quero acreditar que seja - se percebe aí alguma incoerência. Não se trata de exigir 100% de acertos nas contratações e na manutenção de treinadores e jogadores, muito menos existe a obrigação de ganhar tudo, sempre. Trata-se de algo que vai muito além, é o discurso.

Apesar deste mesmo grupo ter sido responsável por dotar o Atlético de uma estrutura digna de um time de primeira linha, as condutas e de certo modo o conformismo com as posições intermediárias nos campeonatos recentes, são muito menos ambiciosas do que se esperava de homens que sempre mostraram ter uma visão grandiosa, quase sem limites, do Clube.

É evidente que não se pode menosprezar os desempenhos que o Atlético tem obtido, seja na Libertadores, Sul-americana ou no Brasileirão, onde já fomos campeões e vice-campeões em pouco tempo, mas sinceramente eu esperava um pouco mais de ousadia no discurso deste ano, sem que necessariamente isso representasse vender ilusões.

Achamos natural a eliminação do Paranaense, até porque este é um campeonato que não leva a nada. A indignação pela eliminação da Copa do Brasil também não foi grande, ou pelo menos não foram notadas demonstrações de que tenha sido grande.

Depois de um começo de temporada insatisfatório, não tenho ouvido ninguém do Atlético falar que estamos disputando o título brasileiro, parece que o pessoal já se conforma em não cair, ou como dizem os mais otimistas, parafraseando Vadão, beliscar uma vaga na Sul-americana. Se eu escrevo isso, é porque sinto que com um pouco de sensibilidade, algum atrevimento sadio e talvez uma ou duas contratações importantes, o Atlético passaria imediatamente de mero figurante a protagonista, com reais chances de faturar o Bi.

O Brasileirão deste ano é muito equilibrado e dá margens ao sonho tangível, tanto é assim que eu até já ouvi muita gente boa dizendo que o medíocre time alugado do Paraná Clube está disputando a taça.

Se ainda quer ser Campeão Brasileiro, o Atlético precisa ao menos começar a pensar e a falar como tal. Sem segredos.


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