Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Por que o Atlético tem tão poucos sócios?

13/06/2007


Em resposta à nota apócrifa e que foi publicada no site oficial do clube criticando a pouca adesão aos planos de sócios, eu, como sócio detentor da cadeira Gvinf J 119, me sinto no direito de expressar e querer ver publicada minha opinião junto ao clube.

Primeiramente e isso fica muito fácil de se verificar comparando com as demais modalidades de associação Brasil afora, os planos são caros. Pior: para a grande maioria da massa torcedora atleticana, sabidamente formada pelo “povão”, é extremamente caro!

O Atlético não está aí para fazer justiça social, nem deve ter um plano de inclusão social junto ao sofrido povo brasileiro. Mas deveria ter um pouco mais de sensibilidade , no mínimo um tino comercial um pouco mais aguçado e perceber que pelo preço exigido, serão os mesmos 3 ou 4 mil de sempre que comprarão o título de sócio. Conheço uma significativa parcela de torcedores que não se associa pelo simples fato de não poder pagar esse preço que repito, é caro. E conheço alguns que têm esse valor para despender com sua paixão, mas não o fazem por motivos ideológicos.

Aí entra minha segunda opinião sobre o porquê de poucas vendas do titulo de sócio torcedor. Sem contratações de impacto, sem um chamariz para o “consumidor”, este não vai pagar (antecipadamente) para ver a qualidade do produto. O que tivemos em 2007 foi a continuação do fracassado time de 2006, inclusive com o mesmo comando técnico que não gostaria de sequer citar e nunca mais lembrar. Nunca em toda história, parafraseando nosso ilustre presidente Lula, fomos tão humilhados dentro de casa como na era do falecido ex-treinador.

Profissionais que são, talvez não saibam o que o Joaquim Américo representa para o torcedor atleticano. Num passado, não tão remoto assim, nosso Santuário Sagrado era motivo de orgulho. E não o orgulho que temos hoje em ver a majestosa Kyocera Arena ser moderna, limpa, bela e confortável. Tínhamos orgulho de nos sentirmos imbatíveis dentro de casa. Até porque éramos imbatíveis! Times fortes, muito mais fortes que o nosso, eram subjugados dentro do Caldeirão e isso sim nos enchia de orgulho. Ou seja, salvo quem é masoquista, ninguém é muito afim de ficar pagando, e caro, para ter um time e um comandante acostumados à derrota e que tem medo de jogar diante da própria torcida.

Outro problema existente, creio ser o de logística. Depois de ler o contrato deu para perceber porque as vendas começaram somente às vésperas de nossa estréia no campeonato estadual. Assim, aniquila-se a chance dos sócios pleitearem vaga no conselho do clube, visto que até a próxima eleição está prevista para menos de 12 meses antes do vencimento da primeira anuidade, cláusula primeira para que o pedido fosse aceito. Mas a logística que quero falar é outra.

Todo o profissionalismo do clube, exceção em meio ao amadorismo reinante no futebol brasileiro, não faz coro junto ao departamento que está coordenando o sócio torcedor. Nos primeiros dias as intermináveis filas, orientações desencontradas, um caos. Depois as falhas no débito em conta e o que é pior, o “sorteio” da data em que será descontada da minha conta bancária a mensalidade, a excessiva demora na entrega dos ingressos. Essa parte chega a ser um tormento! Haja coração, como diria o famoso narrador esportivo.

Nessa parte o clube infelizmente não está cumprindo o que reza o contrato, pois eu mesmo já tive que perder tempo e ir até o clube buscar minhas entradas pois a entrega não foi feita. Por infelicidade minha mãe esteve adoentada (graças ao bom Deus, já plenamente recuperada) e ficou, sempre acompanhada, em casa durante mais de um mês. E mesmo assim foi identificado o problema de não haver ninguém em casa. Na pior hipótese não foi cumprido outro item contratual que imputa ao clube tentar entregar outras 02 (duas) vezes em horários diferentes no local indicado.

Convenhamos, é difícil tentar convencer os amigos de que é bom, que vale a pena e que ele não vai se arrepender em se tornar sócio furacão! Sendo mal atendido, e por mais que a refeição seja boa, não recomendo a ida de conhecidos a determinado restaurante ou bar.

Ou seja, em suma, ao invés de reclamar que “somente” 3 mil e poucos rubro-negros estão ajudando financeiramente o clube, que poucos, muito poucos acreditam no tal projeto do clube, que estão consumindo sua paixão, o Atlético (atenção, eu torço para o Atlético, o Atlético Paranaense e nunca vou torcer para um tal de CA Paranaense – tema para outro texto) deveria sim é elogiar, elevar o nome de todos os 3 mil e poucos guerreiros que mesmo com essa série de fatos, ainda acreditam e continuam a pagar.

Por fim repito o que já tive oportunidade de escrever algumas vezes e de questionar diretamente, cara a cara com o sempre muito solícito e educado Mauro Holzmann, nosso homem forte do marketing: se o produto encalha na prateleira, a culpa é do consumidor?

Obrigado pela atenção.

Juarez Villela Filho
GV inferior fila J cadeira 119


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