Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Inacreditável e incompreensível

11/06/2007


Quem foi à Arena ontem teve a oportunidade de assistir um dos piores jogos da história do Atlético. O time de Vadão foi simplesmente humilhado pelo razoável time do Goiás. 3 x 0 foi pouco pela amplitude da superioridade tática do time goiano em relação ao time da casa.

Nos corredores da Baixada, devo ter encontrado pelo menos uns 30 conhecidos antes, no intervalo e após a partida, e o entendimento foi unânime: Vadão tem que sair, e rápido. Simplesmente não conheço UM atleticano que ache que Vadão deve continuar. Ninguém mais aguenta este time sem comando, sem alma, e, principalmente, sem organização tática nenhuma. Será possível que todos torcedores estejam errados? Será possível que só a diretoria enxergue as qualidades de Oswaldo Alvarez?

Vadão conseguiu nos desclassificar do Paranaense, da Copa do Brasil (ambos em casa), e criou um retrospecto inigualável na Baixada: nos últimos cinco jogos em casa, perdemos quatro. Fantástico. O que mais precisa acontecer para que o comando técnico seja substituído? Onde está nossa diretoria ativa, cobradora, exigente? Onde está o Mário Celso Petraglia que, em 2002, após um jogo contra o América-MG, bateu na mesa, meteu a boca em tudo e todos e colocou a casa em ordem?

Terminada a partida contra o Goiás, fui ansioso ouvir as notícias no rádio, pois acreditava piamente que Vadão teria a dignidade de pedir demissão, como fez Paulo Autuori no Cruzeiro após uma derrota acachapante. Ou, no mínimo, ouvir dos dirigentes que ele não tinha mais condições de permanecer. Mas não: ouvi Vadão, com sua serenidade de sempre, dizer que foi um jogo "atípico" (seria um eufemismo para ridículo?), e que haveria mudanças para a próxima partida. Próxima partida? Próxima partida??? Pára tudo que eu quero descer.

São 10h15 da manhã de segunda-feira depois do baile que levamos do Goiás, e até agora não li o anúncio da demissão de Vadão. Parece que realmente o inacreditável está acontecendo: Vadão permanece no Atlético. Nada acontece, nada muda. Virou uma coisa normal sermos humilhados na Baixada, nada precisa mudar na opinião da diretoria.

Vadão é inconstestavelmente o maior problema atleticano. Que o elenco é fraco, todos sabemos. Mas não é um elenco para ser dominado pelo Goiás na Baixada como foi ontem. E a questão não é escalação de jogadores, ou substituições, quesitos erroenamente priorizados quando alguém avalia um treinador. O problema de Vadão é não conseguir fazer que o time jogue. Que saiba como sair da defesa para o ataque sem dar chutões para a frente. Que saiba posicionar-se quando atacado. O time de Vadão é inexistente nestes aspectos.

Sem falar na falta de energia. A passividade mostrada ontem na contusão de João Leonardo, quando deixou o time por 3 minutos, no calor da partida, com um jogador a menos, é emblemática. É a cara do Atlético de hoje.

Ainda não consigo compreender: por quê Vadão não foi demitido ainda? Às vezes parece que a diretoria está fazendo isto conosco só "de sacanagem". Não tem explicação. O Atlético cobra tanto a participação da torcida, a associação ao Clube, e num momento como este, não tem a mínima consideração pelos atleticanos. Pelo contrato, trata-nos como palhaços.


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