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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Errar não é humano
12/02/2003
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Quem inventou essa teoria não tem a idéia do equívoco que cometeu. Nunca, em hipótese alguma, errar foi humano. Nós, seres humanos, não nascemos para errar, e sim para acertar. E assim acontece no futebol. Uma sucessão de erros pode levar um clube muito próximo ao caos. Não estou querendo dizer que o Atlético está perto do caos, muito pelo contrário, estou otimista, paciente e esperançoso para este ano. Mas que os erros impediram uma trajetória de sucessos, disto não tenho dúvidas. Erros que começam lá na diretoria, passam pelos empresários, atingem os atletas e refletem até na torcida. Isso mesmo, nós torcedores também erramos. Exigimos demais, não temos paciência (às vezes com razão) e costumamos julgar os fatos antes mesmo de eles acontecerem.
Estamos nos acostumando a reclamar tanto, que até nós mesmos estamos ficando chatos. Será que as mudanças não podem partir de dentro de nós? Sim, porque o poder de um povo é muito maior do que qualquer outro poder. Mas infelizmente os erros existem, e o ser humano é duramente condicionado a errar. Não consigo imaginar um atleta sendo chamado para cobrar um pênalti, e indagar: “eu cobro, mas se eu errar, não me critiquem”. Será que isto é humano? Onde está a auto confiança de um profissional? É a mesma situação quando vamos a um profissional de Odontologia, e ele fala: “vai dar tudo certo, não se preocupe, mas ...” (o final vocês já sabem). Ou em um avião, quando o piloto orienta os passageiros: “apertem os cintos, fiquem tranqüilos, tudo correrá bem, mas ...”. (o mesmo final). Ou até um técnico de futebol, momentos antes de uma partida: “vamos entrar para ganhar, mas se perdermos, não há problemas, afinal, somos humanos, e podemos errar.”
Posso crer que errar faça parte de um trabalho, mas não posso crer que errar seja humano. O humano é acertar sempre. Essa teoria precisa ser repensada, talvez eliminada do nosso dia a dia. Assim gostaria que fosse o Atlético. Não é possível que tanta gente erre tanto, ou talvez, pior do que errar, é não tentar. Assim foi o atacante Ilan, assim está sendo Ilan, espero que por pouco tempo. Não tem motivação, não tem inspiração e está se escondendo em campo. Alguns até tentam, como Fabrício, que mostra força de vontade, luta por uma vaga no time, mas ainda não convenceu. Cleber bem que tentou, mas vem aí Diego, que tentou e já provou que acertou. Talvez Cleber ainda tenha que aguardar, sou sincero e humilde em admitir que me precipitei. E onde está o futebol do Kleberson, que um dia, sem medo de errar, foi penta? Está nitidamente cansado, exausto com tantos compromissos, e deixando de lado o que mais sabe fazer com precisão: jogar futebol. Méritos para Adriano (sem ele, não sei o que seria de nós), Dagoberto e Cocito, pessoas que estão em crescimento profissional, atletas que demonstram vontade e espírito de luta. São verdadeiros profissionais, que estão ajudando o Atlético a reencontrar seu rumo.
É este o caminho para o decorrer do ano. Se pensarmos pequeno, coisas pequenas teremos, como diria nosso mestre Drumond. Não podemos ficar nos prendendo a detalhes, a poucas coisas que não levam a lugar nenhum. Se existe um ou mais problemas, eles irão permanecer enquanto não houver uma solução, ou seja, os problemas existem até que sejam resolvidos. Fica como competência da administração do Atlético, afastar aqueles que não estão produzindo ou rendendo dentro de campo, ou até mesmo fora dele. A missão dos atletas é a mesma de sempre: dedicação, raça, entusiasmo e vontade, sem medo de errar, não existe uma outra maneira de jogar no Furacão.
Acredito que os acertos estão começando a nascer no Atlético este ano. A equipe está de certa forma se moldando, faltando alguns ajustes. As correções já devem ter início com as contratações, a começar pelo goleiro Diego. Aos poucos, vejo um novo Atlético, daqueles que estamos um tanto quanto saudosos. Independente de qualquer situação, nós, torcedores, precisamos deixar de lado as amarguras e pensamentos negativos, precisamos sim é torcer e oferecer ao Atlético o que temos de melhor e nos diferencia dos demais: a vibração positiva.
Tenho comigo que um novo tempo está nascendo, e tenho a certeza de que ainda este ano vou olhar para trás e ter orgulho de ver o Atlético Paranaense renascer da superação e se reerguer aos meus olhos, aos nossos olhos de atleticanos incansáveis.
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