Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

A noite do curinga

05/06/2007


Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga? Esse é o ponto de partida do romance “O dia do curinga” - de Jostein Gaarder.

Confesso que muitas vezes deixei o tal “livrinho” de lado, em alguns outros momentos cheguei a admirar o autor por nos remeter a questões filosóficas usando uma linguagem simples e tal, entretanto o que me manteve fiel a essa leitura foi a intrigante figura do curinga.

Resumindo, o livro nem foi tão bom assim, mas precisava de um gancho, meio mequetrefe – diga-se de passagem – só pra elogiar o esforçadíssimo Nei!

Sabadão, frio, preguiça e medo! Mas a rotina de torcedor é assim mesmo: na alegria e na tristeza, sem Marcão, com Alex, sem Ferreira e com Vadão! Pra dar sorte, valeu até colocar a meia do Furacão e encarei a partida. Nem precisava de bola de cristal pra saber que não seria nada fácil, mas o bom retrospecto na terra do pão de queijo manteve acesa a esperança.

O que vi na telinha foi o que gostaria de ter visto anteriormente, um time de certa forma audacioso e organizado taticamente, com uma defesa que ganhou significativa consistência, jogadas de velocidade e, principalmente, sorte – se é que podemos chamar de sorte quando nos penalizam aos 47’ do segundo tempo. Sem esquecer da falta de pontaria e aplicação por parte dos nossos atacantes, mas, no geral, foi um bom jogo.

Reconheço os méritos do Vadão por finalmente ter optado pelo 3-5-2 e dado uma personalidade menos “conservadora” ao time, mas acredito que essa performance diferenciada só foi possível pela adaptabilidade do nosso curinga.

Chega a ser engraçado, mas até goleiro o cara já foi! Nei merece o nosso reconhecimento, principalmente pela maneira honrosa com que ostenta o manto sagrado rubro-negro.

O dicionário descreve o curinga como a carta que substitui e assume o valor de qualquer outra carta, porém, dependendo da experiência, vontade e interesses daquele que a possui. Tem ainda a referência àquela figura do bobo da corte, mas esta não condiz em nada com a raça e o empenho do nosso polivalente jogador. Enfim, as interpretações são vastas, mas no presente caso só nos interessa a versão que o vê como um bônus.

Por isso vale o recado para o Vadão: o joker é um trunfo na mão do bom estrategista e, para não desperdiçá-lo ou simplesmente queimá-lo, ele precisa ser utilizado com consciência e, por que não, com uma dose de ousadia?

“Curingas são raros em qualquer baralho, mas sempre existe um para manter viva a esperança”.


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