José Henrique de Faria

José Henrique de Faria, 74 anos, é economista, com Doutorado em Administração e Pós-Doutorado em Labor Relations nos EUA. Compareceu ao primeiro jogo do Clube Atlético Paranaense em 1950, no colo de seu pai. Seu orgulho é pertencer a uma família de atleticanos e ter mantido a tradição. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

Entre a certeza e o desastre

29/05/2007


As notícias veiculadas pela imprensa nativa dão conta de que o mega-projeto do Pinheirão vai requerer investimentos na ordem de R$ 600 milhões. Apresentado "com exclusividade" por um jornal local, o projeto é um conjunto fabuloso destinado à ociosidade envidraçada. Há mais no ar do que meros aviões de carreira.

Ao mesmo tempo, existe um outro local, a Arena, cujo uso independe da Copa de 2014 e que está praticamente em condições de ser escolhido como o estádio do Estado do Paraná em seu pleito para sediar a referida Copa. Também o noticiário dá conta de que esta será a escolha. Finalmente, o bom senso, o equilíbrio e a coerência imperaram no processo decisório. A Copa será em 2014, ou seja, daqui a sete anos. Até lá, o Atlético Paranaense já terá realizado dezenas de jogos no estádio e lá continuará jogando depois da Copa com a certeza de que terá público, traduzido pelo apoio de sua torcida. A Arena é um estádio com uso garantido, além de ser o melhor projeto e de oferecer a certeza de sua efetivação. Sem mencionar que não há riscos de que o dinheiro público escoe pelos ralos de um mastodonte hipermoderno, de uso indefinido, com investidor desconhecido e com uma coordenação que não tem demonstrado intimidade com o sucesso em seus empreendimentos.

Nada impede que o mega-projeto do Pinheirão seja uma realidade. Se o mesmo é tão viável como afirmam seus defensores, se há um investidor interessado, não é para sediar quatro ou cinco jogos que o investidor apostaria seus recursos na viabilidade do mesmo. Certamente, o misterioso investidor deseja retorno sobre seu investimento, a não ser que seja um donativo. Os outros clubes interessados, seja o primeiro, seja o agregado de última hora, formariam, junto com a Federação, um trio com a missão de tornar o negócio atraente. Missão quase impossível, que não tem sequer o apoio das torcidas (apenas de alguns interessados individuais cujos projetos pessoais não são claros, mas que se pode deduzir), mas isto já não é problema que me compete. Havendo esta certeza na viabilidade deste projeto, que sigam em frente e mostrem que é uma realidade. O Atlético terá mais um estádio para ganhar de seus adversários.

A Arena não precisa mostrar nada. É uma realidade. O projeto de conclusão seria, como será, realizado independentemente da Copa de 2014. A questão de fundo é: se já existe um local para sediar os jogos, que é adequado e segue as normas, por que "inventar" algo que sequer pode ser considerado real? O interesse não é o de pleitear que Curitiba seja uma das sedes da Copa? Quantos jogos serão realizados na Arena? Então alguém, em sã consciência, pode imaginar que o empenho da direção do Atlético é para locupletar-se? Que é um simples joguinho de poder local? O Atlético olha para a Arena pensando em seus jogos internacionais, pensando em seus torcedores e nos torcedores de outros clubes adversários. A realização da Copa de 2014 em Curitiba representaria um ganho econômico, turístico, político (mídia internacional) para toda a Região Metropolitana e para o Paraná e não para o Atlético diretamente. Há quem pergunte: um torcedor de um outro clube iria à Arena ver os jogos da Copa? Presumo que alguns não irão. Mas, estes não representam nada e não é com os mesmos que se deve preocupar. O que está em jogo é muito mais que as raivosas, invejosas, mesquinhas, pequenas e insignificantes opiniões dos detratores. Dar crédito e espaço a estes é perder energia boa com coisa ruim.

A Arena tem todas as condições de ser um dos estádios da Copa de 2014. Tem condições de representar dignamente o Estado do Paraná. O resto resume-se aos gritos dos desesperados que perderam algo. Pelo volume da gritaria, deve ser algo muito atraente.


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