Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Comparações

27/05/2007


- Mas pai. A turma toda foi mal. Teve gente que tirou 2.
- Não me importa quanto a turma ou quem tirou essa nota. Para mim vale você. Só você.
- Não dá nem pra dar um desconto, pai?
- Claro que não. Você só faz isso na vida. Eu trabalho, você estuda.

Esse tipo de diálogo era freqüente na época dos meus estudos. Sempre que vinha uma nota vermelha no boletim lá ia eu com meu papinho pra lá de manjado tentar as desculpas com meus pais. Em matemática eu era uma desgraça. Depois da oitava série, a prova final e a recuperação fizeram parte do meu eu. Não adianta. Não conseguia entender as matrizes, as fórmulas bizarras, o seno, o logaritmo ou "bê ao quadrado menos quatro a c".

Lembro até hoje do Professor Miguel, do extinto Barddal. Ele sempre utilizava uma aula para os famosos "exercícios extras". Era assim: ele colocava uma questão no quadro. Tínhamos que copiar e resolver os problemas. Quem terminasse antes ganhava meio ponto na média. A regra era clara: só meio ponto para cada aluno no bimestre. Que raiva que eu tinha da Marisa. Sempre ela se dava bem. Até mesmo o Luiz (Luizz do Fórum Furacao.com) manjava tudo. E eu, na rabeira.

Uma vez eu trapaceei. Sabia que o Miguel iria dar os famosos exercícios e coloquei uma calculadora na mala. Deixei a Marisa ganhar o meio ponto dela e fiquei esperando. Copiei o exercício, peguei a calculadora, levantei a mão e apresentei o resultado: "É 75, Miguel". "Certo, Sérgio. Deixa eu ver como você fez". Detalhe: não havia preenchido nada no caderno. Escrevi umas mal traçadas, rezei uma ave-maria e fui até a frente. Suei frio, as mãos gelaram e obtive êxito. Ganhei meio ponto que aliviou a nota que eu precisaria tirar na prova final (naquela altura eu já pensava lá na frente, mesmo estando no terceiro bimestre).

A analogia maluca vai ao encontro do nosso Vadão. Há muito tempo ele está com a calculadora na mala. No domingo as tais ousadas substituições foram que um "cala-boca" aos críticos. "Eles querem alterações, assim farei", deve ter pensando na beirada do gramado. De nada adianta Tiago, Netinho e Oldoni em campo se não há um esquema para eles obedecerem.

O Atlético não jogou nada. Laterais fracos, meio-campo indeciso, ataque inoperante. Em alguns momentos a palavra irritação foi trocada pela pena. Pena de ver um time se desmontando para um Santos B e sem a menor perspectiva de melhora.

Eu parei de me enganar. Fui horrível em matemática. Vadão precisa parar de enganar a torcida, jogadores e diretoria. Ele é horrível como treinador.


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