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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Acho interessante, porém exagerada a maneira como los hermanos argentinos amam seu ídolo maior, Diego Maradona. É uma paixão cega, mas bonita de se ver. No Brasil, ao contrário, gostamos de fazer chacota das bolas fora de Pelé, ou lembrar que Zico foi um pé frio em Copas do Mundo, ou mesmo diminuir o feito de Romário ao fazer, segundo seus cálculos, o milésimo gol domingo último.
Aliás, relendo depois de 6 anos o livro Estrela Solitária, um brasileiro chamado Garrincha, do excelente Ruy Castro, noto mais uma vez como somos em geral muito injustos com nossos ídolos. Como os cobramos tanto, muitas vezes nos esquecendo dos momentos de extrema alegria que os ídolos, principalmente do esporte nos proporcionam.
Outro exemplo que lembrei dia desses, falando com um amigo jornalista que trabalha no Rio de Janeiro, foi Rivaldo. Jogador importante e com um vice e um campeonato mundial no currículo (coisa para poucos), chegou à final de 2002 com chances equivalentes a Ronaldo para se tornar artilheiro da Copa. Não o foi, mas teve participação decisiva nos dois gols anotados pelo Fenômeno, tendo sido muito importante na conquista do penta. Mas seu jeito pacato, tímido e de poucas palavras acabaram relegando-o a coadjuvante da conquista.
Nós atleticanos somos sujeitos de sorte. O maior artilheiro atleticano ainda é vivo e pode ser encontrado por aí. O simpático Sicupira com seu característico bigode, autor de 157 gols com o manto sagrado é figura carimbada nos bate papos esportivos da cidade. Temos ainda Alex Mineiro, talvez o nome mais importante dos 80 e tantos anos do clube, o que fez o que ninguém imaginava, o que fez o que ninguém tinha feito ainda. E ainda o faz! Alex Mineiro com seus passes precisos, domínio exemplar, calma e categoria na hora de finalizar está aí, jogando, fazendo gols, nos dando alegria, mostrando dentro e fora de campo como se comporta um ídolo ciente de suas responsabilidades.
E na próxima quinta, um grande ídolo vai se despedir dos gramados: mas não do Atlético! Paulo Rink, o garoto que sonhou jogar no Atlético, nos fez sonhar e com sua venda transformou parte de nossos sonhos em realidade. Aquela cadeira que você tanto gosta de usar, a cobertura que faz inveja aos adversários, o gramado impecável, talvez o elevador que funcione (diferente de outro de estádio da capital que é só enfeite), as cadeiras vips ou quem sabe os azulejos do vestiário tem um pouco de Paulo Rink.
Algum pedacinho do Joaquim Américo, algum tijolo bem colocado, alguns metros cúbicos de areia, alguns sacos de cimento tem um pouco de Paulo Rink. A sua venda, juntamente com a de outro ídolo que também estará no jogo despedida quinta-feira, o bom baiano Oséas, foi o que possibilitou a construção da majestosa Arena da Baixada. Os mais novos talvez não saibam, mas numa época de vacas magras, poucos títulos e que Vasco, Palmeiras e Santos eram grandes atrações quando vinham jogar na cidade e não tínhamos obrigação nenhuma de vitória, eles fizeram esses times sucumbirem dento do Caldeirão. Eles, ao lado de Alberto, Ricardo Pinto, Reginaldo, Alex, os polacos Nowak (que Deus o tenha) e Piekarski nos deram muitas alegrias, iniciando um trabalho que ainda não terminou.
Eles nos fizeram sonhar como nunca imaginamos sonhar um dia. Paulo Rink, autor do gol da vingança no Atletiba da Páscoa em 1996, um anos após o fatídico 5 X 1 que deu início a tudo. Paulo Rink, do gol de direita com o gramado encharcado no gol dos fundos contra o Vasco. O mesmo Paulo Rink que fez o badalado Palmeiras-Parmalat sentir a força da Baixada, perdendo a invencibilidade dentro do Joaquim Américo.
Esse mesmo Paulo Rink, exemplo de pessoa fora dos campos, exemplo de atleta dentro das quatro linhas, vai parar com o futebol profissional quinta-feira. O mínimo que você atleticano deve fazer, é prestigiar o evento. É dar uma alegria a mais a quem nos deu tantas e tantas alegrias.
Paulo Rink, esse ídolo rubro-negro merece essa e todas as demais homenagens!
ARREMATE
“Peço licença pra cantar o amor/
E não esperar jamais a recompensa/
Eu, eu agradeço, Senhor” Eu agradeço, Cazuza.
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