Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Quase

11/05/2007


Sou brasileiro, sou atleticano, tenho fé e não desisto nunca! Enquanto o Ursinho Carinhoso, picanheiro e sem criatividade continuar a comandar tecnicamente nosso time, vou me opor completamente. Há uma salvação para que não tenhamos mais um ano de desgraça no Atlético: a sumária e mediata demissão do Co Vardão.

Co Vardão é o cara do quase . Com ele, o Mogi Mirim, então chamado de “Carrossel Caipira”, fez belas apresentações, tinha um ataque fulminante e quase foi campeão paulista. Mas era quase impossível bater aquele poderoso Palmeiras-Parmalat da época.

Perambulou por aí e chegou aqui em 1999. Dizem que ele foi o mentor do quadrado mágico formado por Adriano, Kelly, Lucas e Kleber. Quase verdade, pois quem o montou e teve coragem de colocar em campo, foi o folclórico Antonio Clemente, sempre com seus óculos Ray-Ban e as camisas de dono de banca de jogo do bicho. O aguerrido time, numa época em que todos os esforços estavam voltados para o término da 1º fase da Arena fez um bom estadual e nos abriu boas perspectivas para o Brasileiro.

Com Co Vardão, quase nos classificamos para a segunda fase, perdendo-a contra o já rebaixado Botafogo de Ribeirão Preto. Daí, inventaram a Seletiva para Libertadores, torneio bacana, nos estilo mata-mata para dar uma vaga para o São Paulo ou o Cruzeiro. Com uma campanha em que quase não fizemos nenhum ponto fora de casa, vencemos a Seletiva e tivemos o privilégio de jogar a Libertadores no ano seguinte. Conquista essa obtida com mais uma derrota, dessa vez para o Cruzeiro no Mineirão.

No ano seguinte, mesmo com um time muito superior, quase perdemos o título para os coxas dentro da Baixada. O gol salvador de Gustavo decretou o empate e assim retomamos o título paranaense dentro de casa, mesmo sem vitória. Em nosso debut na Libertadores, fizemos uma campanha fantástica e quase passamos do Galo Mineiro, tendo para variar, perdido fora, vencido em casa e fomos eliminados no pênalti desperdiçado pelo craque Gabiru.

Se foi Co Vardão, não se criou em dois dos grandes de São Paulo e sempre teve simpatia de Ponte Preta e Bahia, times que hoje sequer estão na primeira divisão nacional. E lá veio quase em 2003, comandar um time em entressafra, vide o debandada geral após 2002. Naquele ano, ele quase nos rebaixou, pois a campanha fora de casa foi ridícula, com quase nenhum ponto conquistado além Baixada e efetivamente nenhuma vitória durante o 1º turno todo.

Ele ainda quase revelou Jadson e Fernandinho, pois mesmo que as atuações de ambos mostrasse o contrário, ele nunca os efetivou como titulares. Preferia o pragmatismo de Leomar em fim de carreira e a pouca técnica de Capones e Reginaldo Vital e Rodriguinhos da vida. Escapamos na Série B graças a diretoria, que mesmo com o delay de um turno todo, fez a mudança mais que óbvia no comando técnico.

E em 2006, o tal “ano do futebol”, o ano em que o Atlético não elegeria prioridades, pois tinha time (sic) para vencer tudo o que disputasse, trouxemos Co Vardão, após as experiências extremamente mal sucedidas com o alemão e o cangaceiro. Veio ele e agora mudado. Ou quase mudado. Se antes o fiasco era fora de casa, agora Co Vardão os trazia para dentro de casa.

Nunca em toda a história atleticana fomos tão humilhados dentro do Joaquim Américo. Conseguimos a proeza de ficar quase 60 dias sem vencer dentro de casa, incluindo aí a fragorosa e retumbante goleada por 5 tentos imposta pelo simples Botafogo. Como ele, quase caímos e só não aconteceu um desastre maior porque os 4 últimos eram verdadeiramente muito piores que nós. Com seu comando, passamos o último mês e meio de 2006 sem vitórias. Tivemos um mês de outubro mágico, com brilhantes vitórias, atuações de gala dos avantes Denis Marques e Marcos Aurélio e quase chegamos na Sul Americana. Ficamos, mais uma vez com esse senhor, no quase .

E assim segue 2007, quando quase chegamos no Paranaense, quando quase levamos a Copa do Brasil mais fácil e ao nosso alcance de todos os tempos, enquanto quase soltamos o grito de campeão, que ao menos para mim está entalado na garganta já há 2 anos.

Co Vardão é o cara do quase . Talvez ele quase tenha conquistado a loirinha, seu primeiro amor na escola, faltou pouco; talvez ele quase tenha passado no vestibular quando o fez; provavelmente quase acertou o ponto da picanha no churrasco de fim de ano; com ajuda de um Cialis, quem sabe ele quase chegue lá.

O Atlético mantendo esse cidadão no comando por mais tempo, mostrará ao seu torcedor o que é e o que quer da vida. Um clube bem estruturado, com as finanças em dia, com um marketing de fazer inveja, um CT maravilhoso (e de pouco resultado prático) e um estádio que dispensa mais comentários e que quase monta bons times de futebol. Ou é um clube de futebol, cujo objetivo é e sempre será a conquista de títulos.


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