Rafael Lemos

Rafael Fonseca Lemos, 49 anos, é atleticano. Quando bebê, a primeira palavra que pronunciou foi Atlético, para desapontamento de sua mãe, que, talvez por isso, tenha virado coxa-branca. Advogado e amante da Língua Portuguesa, fez do Atlético sua lei e do atleticanismo sua cartilha. Foi colunista da Furacao.com de 2007 a 2009.

 

 

Eu busco uma estrela

29/04/2007


Deu na Furacao.com: “No dia 2 de maio, oito clubes entrarão em campo querendo dar mais um passo na busca de um título inédito para eles: a Copa do Brasil. Atlético Paranaense, Fluminense, Botafogo, Atlético-MG, Náutico, Figueirense, Ipatinga e Brasiliense nunca levantaram o caneco do certame, que está em sua décima nona edição”.

Por isso hoje, já no clima positivo que se forma em torno da inédita conquista do Furacão, falarei do Atlético Paranaense e da Copa do Brasil. Falarei da Copa do Brasil, em geral, e da Copa do Brasil 2007, em particular (assim nos ensina o método científico: partir do geral para o particular, sempre. Sigo o método, metodicamente, afinal sou quase um cientista, a exemplo do FHC).

O citado torneio surgiu em 1989 e, em 2007, chega à maioridade com sua 19ª edição. Quando foi criada, a Copa do Brasil despertou o interesse geral da comunidade futebolística. A primeira edição, vencida pelo Grêmio, teve saldo bastante positivo, no entanto, e inexplicavelmente, o torneio não caiu nas graças da grande mídia, ficou esquecido e esvaziado até 1995, quando o Corinthians se sagrou campeão.

De 1995 para cá, a Copa do Brasil ganhou fôlego e se firmou no cenário esportivo nacional, sendo cobiçada por todos os times grandes, sendo a vitrina dos times pequenos e sendo o sonho dourado dos times de médio potencial ofensivo (agora eu abusei, agora ficou parecendo doutrina de Direito Penal. “Times de médio potencial ofensivo”, olha que a expressão é minha e alguém da grande mídia ainda vai querer se apropriar. Fique consignado: a aludida expressão, cujos direitos autorais me pertencem, poderá ser usada doravante desde que na forma da Lei do Copyright - Lei nº. 9.610/98. Quem quiser usá-la, favor depositar os Royalties em minha conta, obrigado).

Pois bem, eu ia dizendo, quando fui interrompido por mim mesmo, que a Copa do Brasil se firmou e virou torneio cobiçadíssimo, até porque se propôs a ser o caminho mais curto para a Copa Libertadores. E a Copa do Brasil se consolidou, também, por ser um torneio democrático num futebol fechado como é o brasileiro.

Na Copa do Brasil todos podem sonhar e os sonhos têm se tornado realidade para aquelas agremiações que se preparam para encarar a Copa. Vejamos.

Em 1989, ano inaugural da Copa do Brasil, o vice-campeão foi o Sport Recife clube que até aquela época nunca havia figurado entre os grandes do Brasil, embora a CBF o tivesse declarado campeão brasileiro de 1987 depois daquele rolo todo da Copa União, Clube dos Treze, etc.

Em 1990 o vice foi o Goiás time que, à época, era bem menos estruturado do que hoje.

Já em 1991 a Copa teve como campeão o Criciúma, do então desconhecido Luís Felipe Scolari. O vice foi o Grêmio que viria a ser um papão de títulos dentro da Copa e, por isso mesmo, ganharia o epíteto de Time Copeiro (Epíteto? Esse Rafael anda abusando, por que não escreve de uma vez apelido? Epíteto? Gostei!).

No ano de 1994 o Grêmio ergueu a taça do torneio pela segunda vez (já tinha sido campeão em 1989) e o vice-campeão foi o Ceará, com uma campanha das mais vibrantes, das mais significativas e que até hoje rende orgulhosas conversas pelas bandas do Hotel Excelsior, em frente à Praça do Ferreira, na bela Fortaleza, onde jamais estive senão em pensamentos (se bem que eu namorei uma bela cearense – Milena - em 1999, mas não vem ao caso o meu caso – e olha eu de novo me perdendo em inúteis divagações. É a idade, é a idade, 31 anos parecem pouco, mas já são tantas as lembranças que um coração só já não é o bastante para tanto amor que trago no peito. Virei poeta, direi). Volta para o mundo real, Rafael! Vamos lá...

Juventude campeão em 1999 (ano, aliás, em que jogamos fora a Copa do Brasil ao perdermos, para o Botafogo-RJ, a vaga nas semifinais, nos pênaltis, naquele desgraçado Pinheirão); Santo André, em 2004 e Brasiliense vice, em 2002. Com isso completo a apertada síntese da Copa do Brasil, desde 1989. E chego, finalmente, ao nosso amado Atlético!

Nosso Furacão não teve grandes participações na Copa, salvo nos anos de 1996 e 1999 quando chegou bem perto das semifinais (1996 e 1999 foram anos em que disputamos a Copa sem a Arena da Baixada a nosso favor, frise-se).

Mas por que não tivemos grandes participações? A resposta é simples: não estávamos preparados e perdemos. Não contávamos com a Arena e perdemos. Não estávamos com o espírito de campeão e perdemos. Mas e agora? Reunimos condições para levantar o desejado caneco?

A resposta é sim! Claro que temos todas as condições do mundo para levarmos esse caneco para dentro de nossa vasta galeria de troféus. Hoje, estamos preparados, pois temos um CT magnífico e um estádio que dispensa comentários. Hoje temos um espírito campeoníssimo: em 2001 fomos campeões brasileiros, em 2004 fomos vice, em 2005 fomos vice das Américas e isso dá para qualquer time um outro status, uma outra alma e uma respeitabilidade própria das temidas esquadras avassaladoras (varrei os mares, Furacão!).

Hoje o Clube Atlético Paranaense está pronto para conquistar a Copa do Brasil, está pronto para colocar mais uma estrela amarela no manto sagrado tinto de vermelho e preto. Hoje estamos prontos para, uma vez mais, conquistar o Brasil e conquistar as Américas, pois temos higidez para fazer frente a qualquer time brasileiro ou sul-americano que nos enfrente dentro das quatro linhas do gramado.

Para que o leitor perceba como o título está ao alcance de nossas mãos, apresento, logo adiante, o panorama da Copa do Brasil 2007:

A) Times grandes (entendidos aqui como mais tradicionais, friso) com possibilidades técnicas de chegar ao título: são quatro – Fluminense, Botafogo e Atlético-MG, além do nosso Atlético Paranaense que, já disse, vai ser o campeão da Copa do Brasil 2007;

B) Times médios com possibilidades de encaroçar dentro de seus domínios: são dois – Náutico e Figueirense;

C) Times pequenos com chances, pelo histórico da Copa do Brasil, de surpreender: são dois – Ipatinga e Brasiliense.

Apresentados os dados, pergunto-lhes: o título de campeão da Copa do Brasil 2007 está perto de nós ou está distante? Eu mesmo respondo: está perto, pertíssimo, logo aqui do lado, principalmente agora que a torcida atleticana tem invadido a Arena no afã de conquistar, de uma vez por todas, essa Copa do Brasil tão desejada há tempos.

Quem neste país duvida que podemos bater Fluminense, Botafogo e Atlético-MG? Ninguém! E por quê? Ora, porque batemos o Flu na semifinal do Brasileirão-01 e já detonamos o Botafogo e o Atlético-MG em diversas oportunidades, principalmente nessa última década de Brasileirão, de Copa do Brasil, de Sul-Minas, de Libertadores, etc.

Quanto às equipes dos itens B e C da minha enumeração, sem desmerecê-las: estão muito abaixo de nós tecnicamente, bem como estão abaixo em estrutura, elenco, história, torcida, etc. Podem ser batidas pelo Furacão, sem maiores dificuldades, e todos nós sabemos disso.

Sendo essas todas as (minhas) razões, esperarei, sentado, o título de Campeão da Copa do Brasil 2007. Esperarei muito bem acomodado numa das cadeiras da bela Arena da Baixada, morrendo de tanto torcer, suando frio, com o coração na boca, fumando um cigarro após o outro, ingerindo baldes de cerveja, roendo as unhas, fazendo figas, rezando baixinho, pedindo aos berros que Deus ouça as minhas preces e faça do Atlético o grande campeão da Copa do Brasil 2007. Porque nós merecemos, principalmente agora que deixamos as diferenças de lado para sermos um só grito em prol das coisas do Atlético que nos une e nos fortalece.

ARREMATE

Tem um colunista que escreve aqui na Furacao.com e que todos nós conhecemos e admiramos: Juarez Villela Filho. O guri é fera e ele tem o costume de fechar seus belos textos com uma nota chamada “Arremate”. Senhores, sempre achei uma grande sacada esse arremate que ele inventou e confesso que sempre senti inveja dessa idéia dele. Mas como dizem por aí, inveja boa não é inveja: é admiração. Por conta dessa admiração, hoje resolvi copiar a fórmula do prezado colega. Então, à Juarez Villela Filho, deixo aqui meu modesto arremate:

“Eu busco uma estrela que um dia deixei fugir
Ela levou pro céu a razão do meu existir
Eu busco uma estrela que uma noite me abandonou”.

(Eu busco uma estrela – Gian e Giovani).


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