Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Nas mãos de um homem

30/12/2002


Está parecendo uma grande piada, ou até mesmo uma grande falta de respeito com a nação atleticana, que é muito fiel ao furacão, paga caro o ingresso para ver o Atlético em campo, sofre, xinga, vibra e vê no rubro-negro um grande motivo de alegria. Atleticanos, cuidado! Estão querendo acabar com a nossa alegria e as nossas inspirações. Estão mexendo com o nosso sistema nervoso sem dó nem piedade. O que está acontecendo com o Atlético é que um homem está fazendo o que bem entende no poder do clube, não se importando com críticas ou desabafos, a não ser que as mesmas críticas reflitam no cenário milionário do futebol e mexa em seu bolso.

Não estou escrevendo em forma de desabafo, mas como uma forma de expressar a minha grande raiva. Não é porque estivemos no auge do futebol brasileiro e nem porque ganhamos uma Arena, com a qual tanto sonhamos, que temos que agüentar desaforos e faltas de compromisso. Estamos vendo no clube o outro lado da moeda, o mesmo homem que teve o poder de mudar a história do Atlético também está provando que possui um poder ainda maior: o de destruir a paixão de um povo. O que é isto diretoria, nós não somos bonecos mecânicos que concordam com tudo e nem somos tolos ao ponto de aceitar ofensas como a contratação deste técnico chamado Heriberto da Cunha.

Não adianta ficarmos comemorando títulos em praça pública enquanto um homem manipula o clube por trás e como num golpe de mestre nos apunhala pelas costas. Sinceramente, não sei mais em quem acreditar, aliás, nem sei se acredito em alguma coisa ainda. E me vem o Sr. Augusto Mafuz dizendo que o ano de 2002 foi maravilhoso para o futebol paranaense. Mafuz, fala sério!

Voltei do litoral hoje e trago a triste notícia de que o litoral paranaense está colorido de verde e branco, e os atleticanos prevendo mais um desastre para 2003. Que tristeza me invade.

Não é porque “ele” mudou o rumo do clube desde 1995 que nós vamos ficar calados. Se estivesse com alguma boa intenção, já estariam de volta Zimermann, Adur e Fornéa, homens que merecem todo e qualquer respeito do torcedor atleticano. Não voltam, porque o nosso presidente só aceita o primeiro dos três. Estaríamos também com contratações decentes, e não dando tiros no escuro. O que há por trás da grande massa de dinheiro investida pelos grandes atleticanos. O que há por trás do grande cofre que comanda e ordena o futebol do Atlético atualmente. Com certeza vai muito além dos R$ 15,00 do ingresso. Palhaçada.

A Diretoria manda e administra o Clube, mas não os nossos sentimentos. Somos atleticanos apaixonados e merecemos respeito e explicações. Quem se emociona com o Furacão, sabe muito bem do que estou falando e como estou me sentindo, como milhares de atleticanos.

Neste momento, faço meu último pedido do ano: que eu queime a minha língua, e que esta seja a minha opinião mais furada de 2002. A sorte está lançada, mais uma vez.


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