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Juliano Ribas
Juliano Ribas de Oliveira, 51 anos, é publicitário e Sócio Furacão. Foi colunista da Furacao.com entre 2004 e 2007 e depois entre março e junho de 2009.
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Contra tudo e contra todos
23/04/2007
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Uma coisa forte na vida de um atleticano é este sentimento de que estamos sempre contra tudo e contra todos. Mas não porque nos sentimos perseguidos ou que haja um complô eterno contra o sucesso do Atlético Paranaense e nem que isso seja um consolo pronto para os fracassos inerentes à existência de qualquer time de futebol. É que, por alguma razão, nós atleticanos incomodamos, e muito, e sabemos disso.
Essa nossa paixão épica incomoda, a nossa fé sem limites incomoda, o nosso empenho em sair das dificuldades e renascer, incomoda; essa aura de idealismo e abnegação na defesa deste Clube incomoda. Somos festivos demais, fogosos demais, desafiadores demais, orgulhosos demais. Nosso pendão Rubro-negro é uma túnica que nos veste sempre de esperança e quem tem esperança nunca morre. Nós sabemos que basta nos enrolarmos na flâmula da mais quente combinação de cores e ficamos revigorados, vivos outra vez e isso incomoda quem não tem este poder. Sempre foi assim, mesmo antes desse Atlético pujante nacionalmente e internacionalmente existir. Pois todo atleticano é, mais do que tudo, um fogo vivo de esperança e este fogo não se apaga.
Por inúmeras razões, estamos vivendo mais uma vez esta sensação de maneira bastante vÃvida. Por mais que o time do Atlético Paranaense tenha sofrido com suas próprias fraquezas, teve que enfrentar um forte adversário desde o inÃcio deste campeonatozinho ordinário: os interesses maquiavélicos da camarilha que organizou e comercializou este que é o certame com a menor credibilidade do paÃs. E não poderia, ontem, estar personificado de melhor forma: na figura nefasta de Héber Roberto Lopes, o árbitro citado no caso EdÃlson. Se o simplório time do Coritiba "Foot Ball Club" tivesse feito a sua parte, o melhor dos mundos para essa turba sórdida teria acontecido. Isto era o programado desde o inÃcio. O Campeonato Paranaense mais vergonhoso de todos os tempos não era para ter, e não terá, o Atlético Paranaense como vencedor.
Contra tudo e contra todos seguimos em frente, consumindo este ópio chamado esperança. Mais uma vez enrolamos o lábaro ao corpo e nos tingimos de vermelho e preto, temos um novo e grande desafio pela frente, já daqui a dois dias. Temos dois gols contra a gente e temos que superá-los. Antes de caçar bruxas, o mais importante é reunir todas as energias e viver intensamente essa sensação de ter que matar um leão pra fazer o Atlético vencedor. Desde sempre tive esta sensação de ter que superar tudo para conseguir a realização, sempre fui nutrido pela necessidade de ultrapassar as dificuldades e muito desse sentimento pessoal quem de deu foi o Atlético Paranaense. O Atlético me ensinou muito a viver e a construir este ser pelo qual tenho que ter o mÃnimo de orgulho: eu mesmo. O Atlético Paranaense me ajudou a ser assim, insistente, teimoso, orgulhoso, esperançoso e altivo. O Atlético é feito de mais de milhão de esperanças, mais de milhão de teimosos, orgulhosos e altivos.
Nunca ninguém disse que seria fácil ser atleticano. Nunca ninguém disse que você poderia se comportar desse jeito, com tanta gana, com tanta força, com tanto orgulho e passar incólume à queles que não fazem parte dessa nossa famÃlia, que não fazem parte dessa nossa estirpe e que não toleram esse nosso jeito de ser. Tem coisas que só acontecem com o Atlético, eu sempre dividi esse sentimento com amigos Rubro-negros. Mais do que encontrar dentro de nossas fileiras os nomes para justificar o fracasso de ontem, prefiro me nutrir do néctar da fé e seguir de cabeça erguida para o compromisso de quarta. Neste caso, "compromisso" não é apenas uma expressão retórica para designar uma data, mas tem seu mais amplo sentido. Quem for à Kyocera Arena tem que estar comprometido com o time, quem não puder ir também. Será difÃcil, mas vamos superar os goianos. Levando no peito este sentimento de "contra tudo e contra todos" novamente, que é a maneira do atleticano ter esperança.
Ser atleticano não é fácil, mas é bom demais.
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