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Sérgio Tavares Filho
Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa famÃlia 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.
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Teste vocacional atleticano
23/04/2007
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Eu já quis ser jogador de futebol. Só que apesar de certa qualidade demonstrada nas peladas, teria que melhorar muito para ser um péssimo profissional dentro dos gramados.
Eu já quis ser dentista. Depois de pensar bastante, não teria prazer ao ver sangue, cáries, e encarar a faculdade de odontologia.
Por fim eu quis ser jornalista. Com 14 anos já tinha a idéia na cabeça. Os famosos testes vocacionais pré-segundo grau (hoje ensino médio) já apontavam a minha facilidade para a comunicação. Pronto. Ponto.
Entrei na faculdade, consegui um bom emprego e hoje me considero feliz. Vivo dentro de um limite razoável, mas pessoalmente e profissionalmente já estou, digamos, encaminhado. Tenho uma excelente famÃlia, amigos e até aqueles que fingem ser do bem merecem o meu respeito. Aprendi que ser polÃtico com os outros é o que nos move. Sem atritos e tudo na esportiva. Só que sem humilhação. Pisou no calo duas vezes, tchau.
Eu não sei se o Atlético já fez um teste vocacional. A impressão que dá é o que futuro do clube é obscuro. Para onde vai? Como vai? O que vai ser quando crescer? Já faz tempo que as atitudes tomadas se parecem com as de um adolescente que descobriu a vida. Tira notas baixas no colégio, sai à noite sem nenhuma responsabilidade, pega o carro do pai escondido e volta pra casa pensando que está normal.
Não está tudo normal. As notas baixas podem ser corrigidas com mais estudo e aplicação. As saÃdas aos fins-de-semana serão podadas, e a chave do carro vai ser guardada em segredo. Só assim o garoto vê que está com a corda no pescoço. Pulso firme.
O Atlético é paparicado, tem tudo do bom e do melhor mas a rebeldia de uns somada com o espÃrito paternal de outros, deixa a educação do menino desmantelada. A gente sabe mais ou menos do planejamento criado pela diretoria, mas nunca sabemos quando vai ser colocado em prática. O silêncio é a pior arma que um clube de futebol pode armazenar. O silêncio gera boatos, intrigas e mal-estar. Existe uma grande diferença entre o sigilo de uma negociação, e o sigilo de quem é o sujeito que treinou na lateral-esquerda ontem. Só o Atlético ainda não viu o quanto perde com isso.
É a famosa música cantada por Simone. "Como será o amanhã? Responda quem puder."
Um psicólogo com um teste vocacional, talvez responda a minha pergunta.
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