Ricardo Campelo

Ricardo de Oliveira Campelo, 45 anos, é advogado e atleticano desde o parto. Tem uma família inteira apaixonada pelo Atlético. Considera o dia 23/12/2001 o mais feliz de sua vida. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2011.

 

 

Humildade, Confiança e Determinação

05/11/2001


A apenas seis rodadas para o término da primeira fase do Brasileirão, o Atlético chega ao topo da tabela de classificação. Depois de um frenético começo seguido de uma queda inesperada, o Furacão retoma a boa fase apresentando um futebol de dar gosto ao torcedor. E agora, vendo o time na liderança do campeonato, o atleticano retoma o sonho de ser campeão brasileiro. A pergunta que fica é: O time tem condições para disputar o título? Na minha opinião, se o Atlético reunir alguns fatores, que passo a descrever, será sério candidato ao título.

Humildade. Para um time ainda sem tradição de grandes títulos, é essencial ter pés no chão quando se pensa em alcançar um grande feito. Neste sentido, o time não pode se deixar empolgar demasiadamente por possíveis elogios por parte da mídia esportiva. Penso que é até melhor que deixem-nos de lado, rasgando elogios ao Azulão paulista, considerando-nos como zebra mais uma vez. Assim, podemos correr por fora e surpreender.

Gosto muito do jeito moderado do Geninho. Nosso vitorioso treinador parece saber bem como administrar o entusiasmo que tende a assolar os jogadores nos bons momentos do time. Acho genial quando ele enfatiza que é preciso primeiro conseguir estar entre os oito classificados, para depois pensar em figurar nas quatro primeiras posições. Ora, todos sabemos que a classificação é iminente, certa, e que a briga para estar entre os primeiros colocados é o nosso real objetivo. Mas agir com cautela é certamente o melhor caminho. "Devagar se vai ao longe", diz o ditado. E assim devemos manter os pés no chão para alcançarmos nossas metas.

Confiança. Nas últimas disputas importantes, o Atlético foi submetido a eliminações nas quais transpareceu a intranqüilidade do grupo. Perdemos classificações por fatores psicológicos, eis que tínhamos mais qualidade técnica do que aquelas equipes que permitimos passar adiante. Foi assim com o Atlético-MG na Libertadores e com o Internacional no Brasileiro, ambos em 2000, dentre outras desclassificações das quais não conseguimos esquecer.

É por isso que muitos, dentre os quais o inigualável Augusto Mafuz, vem frisando que o Atlético, na reta final do campeonato, tem que ter a autoconfiança necessária para que seu futebol possa fluir com naturalidade. Jogadores e Comissão Técnica têm que acreditar no seu próprio potencial, para que a insegurança – que mitiga a qualidade - não seja um trunfo em favor do adversário. Sabe-se que a famosa psicóloga Suzy Fleury vem atuando junto ao elenco Rubro-Negro, tentando transmitir este tipo de pensamento. Acreditamos em seu trabalho e esperamos que seja frutífero.

Determinação. "Rubro-Negro é quem tem raça, e não teme a própria morte!", já diz o Hino mais bonito do Brasil. Sem determinação, os objetivos de qualquer um ficam cada vez mais distantes. Assim, além de confiar no seu próprio talento, o Atlético tem que ter em mente o conseguimento do seu objetivo a qualquer custo. A obstinação é uma grande arma para se alcançar aquilo que se deseja, e, com muita raça e muita luta é que deve ser a caminhada para o topo.

Vejo na figura do capitão Nem o espírito da raça atleticana. Valente, e por vezes excessivamente viril, o líbero do Furacão passa confiança ao torcedor atleticano. Mostra a energia que se espera de quem ostenta a camisa rubro-negra, aliando competência a raça, num conjunto que deve ser o espelho de toda conduta atleticana.

Conjugando estes três fatores, e mantendo a tranqüilidade com que vem atuando, o Atlético, se também as arbitragens não interferirem como têm interferido nos clássicos regionais, pode, sim, ser a grata surpresa nas finais deste Brasileirão. Permanecemos torcendo por isso!


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