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Juarez Villela Filho
Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.
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Com os olhos flamejantes de ódio, raiva, rancor, vergonha e lágrimas, sem um dos braços e com o corpo prestes a ser queimado pelo rio de lavas, o jovem padawan Anakin Skywalker olha para seu Mestre Obi-Wan Kenobi. Olha com raiva, mas também suplicando um perdão que nunca viria. Olha com rancor e ouve do Mestre:
“- Anakin, você se tornou justo aquilo que jurou combater. Você era o escolhido. Você deveria destruir os Sith e não se juntar a eles”.
Uma das derradeiras cenas do Episódio III da série Star Wars, a Vingança dos Sith, último a ser gravado demonstra a traição, o jogo dissimulado, a confusão entre o que era certo para si (Anakin se render ao lado negro da força para salvar sua amada Padme) e o que era certo para o todo (continuar como cavaleiro Jedi, se tornar um Mestre e exterminar os seus rivais, os Sith).
Mais do que uma interessante guerra espacial com seus efeitos limitados da década de 70 dos primeiro episódios até a altíssima tecnologia empregada nos episódios recentes e as belas lutas com os sabres de luz, a saga de Guerra nas Estrelas fala de conflitos entre pai e filho, guerras psicológicas e a tênue linha que divide o que é certo do que aparentemente é certo.
De volta ao planeta Terra vejo o jovem Dagoberto, com a interessante idade de 24 anos, que remete a um certo animal no jogo do bicho, assinar com o saltitante tricolor bandeirante. Negou. Negou e negou mais de uma vez que já tinha as coisas acertadas, razoavelmente encaminhadas e queria que os outros acreditassem em suas palavras vazias.
Chorou, fez charme, se disse perseguido, mas quando esteve em campo não foi sombra do atrevido atacante dos dribles em velocidade e faro de gol. O garoto frágil que nunca ergueu um caneco vai agora demonstrar seu jogo rasteiro, geralmente em plano horizontal ao gramado, no delicado campo do campeão brasileiro.
O doce e meigo atacante negou propostas do Velho Continente, sonho de 10 em cada dezena de jogadores profissionais para “se firmar” no futebol nacional. Estranho! Grafite, titular e artilheiro de uma equipe que está sempre as aspirantes direta a títulos dos campeonatos que disputa, largou-os e se mandou para o modesto Le Mans , time do periférico campeonato da França.
Enfim, ele negou reiteradas vezes ser aquilo que se tornou: um jogador do bom time são paulino, apenas corroborando a tese daqueles que duvidavam de suas palavras, de sua honra e caráter.
O tempo se encarrega de fechar feridas, de fazer virar pó os que dele não souberam fazer as escolhas certas. Lá se vai Dagoberto, o que foi sem nunca ter sido. E provavelmente nunca o será!
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