Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Eros e asertos

19/04/2007


Cena I

No centro de uma sala fechada é pendurado um cacho de bananas no teto e são deixadas uma caixa de madeira pequena num canto e uma maior em outro. Solta-se um macaco dentro da sala que, após pular várias vezes sob as bananas, pega a caixa menor, logo mais leve, e coloca abaixo das Musa sp, mas mesmo assim não as atinge. Tentativas em vão, vai nosso amigo símio e coloca a caixa grande, a pequena acima e assim alcança o objetivo.

Em contato com outros de sua espécie por horas em outro ambiente, volta o macaco à mesma sala, do mesmo jeito. Entra, pega a caixa grande, empilha sobre esta a pequena e pega as bananas. Entretanto, os macacos que estiveram consigo horas antes sofrem como ele em sua primeira tentativa, passando pelos mesmos infortúnios, até conseguirem o intento.

O macaco, assim como o homem, aprende com seus erros, mas o que nos difere dos demais animais é a capacidade de adquirir e transmitir cultura.

Cenário II

Após uma série de exercícios em labirintos e na roda giratória, o ratinho é colocado numa gaiola onde há, lado a lado, potes metálicos com água e comida. Vai primeiro na água e bebe muito. Depois vai ao pote com ração e, por indução elétrica, leva um pequeno choque. Volta ao outro canto da jaula assustado e fica por lá um tempo.

Retorna à ração e leva novo choque. Passa dias se alimentando somente com água, mesmo que não haja mais eletricidade no pote com ração, pois foi induzido por uma amostragem clara e objetiva que comida é sinônimo de choque, de dor, de pânico. Não transmite culturalmente isso aos seus, mas sua herança genética provavelmente leve aos descendentes a informação de que eles só bebem água e nada comem.

O rato, assim como o homem, aprende com seus erros, mas o que nos difere dos demais animais é a capacidade de adquirir e transmitir cultura.

Cenário III

Se existe o adágio que “bola na pequena área é do goleiro”, já podemos grafar, graças aos sucessivos e constantes erros de nossa defesa, que “bola na área do Atlético é gol”. E não há o que conserte isso, mesmo que o time treine (?) diariamente no tão propalado melhor CT da Galáxia.

Michel joga mal, mal e continua jogando. Cristian, que ontem não estava no banco senão entraria, joga mal, mal e joga. Denis Marques é outro que sabe que pode jogar mal o quanto quiser, pois não vai sair do time. Danilo teve uma péssima fase e jogou, jogou e se manteve como capitão. Este ao menos se recuperou e voltou a atuar como há mais de ano não fazia.

Erros sistemáticos, bobos e chatos se repetem jogo após jogo. Times pequenos, semi-amadores do interior nos vencem em casa e arrancam empates na Baixada há mais de um mês. Times de divisões inferiores do Brasileiro nos goleiam com certa facilidade. O segredo? Marcar firme Ferreira, o motor do time, pois ele fomenta o ataque. Deixar nossos laterais se empolgarem e jogar nas costas deles e cruzar bolas na área. De todos os lados, até mesmo da intermediária, de qualquer jeito, pois uma hora ou outra o gol sai.

Fácil assim, simples assim. Porque somos animais e como eles devemos aprender com nossos erros. Mas o que difere o ser humano dos demais é a capacidade em adquirir essa cultura e transmitir aos seus.

Oswaldo Alvarez, que animal és?

ARREMATE I

Caro treinador, pior cego é o que não quer ver.

ARREMATE II

”Vai meu coração, ouve a razão/
Usa só sinceridade/
Quem semeia vento, diz a razão/
Colhe sempre tempestade.
Insensatez, Tom Jobim & Vinicius de Moraes


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