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Rogério Andrade
Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.
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Qual é a tua, Atlético?
19/04/2007
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Impressionante! É só você sair de casa pra voltar a aprontar. Puxa vida, e eu que voltei a confiar tanto em você! Às vezes me revolto comigo mesmo, por acreditar, por aceitar as tuas desculpas esfarrapadas, por me sentir tão traído e tão injustiçado. Não é por nada, mas estou começando a chegar a conclusão de que você não é capaz de nenhum esforço por mim. Só se dedica um pouco mais pra fazer um pouco de aparência, mas geralmente quando está ao meu lado.
Quando me dá as costas e segue viagem, começa a tortura dentro da minha consciência, começam as dúvidas, mas ao mesmo tempo a certeza de que você não irá, desta vez, me decepcionar. A última vez foi terrível, você me deixou com o coração na mão. Estávamos longe, e me senti um tanto quanto impotente por não poder te ajudar. Me senti um objeto, que está aqui quando você precisa dar a volta por cima, se recuperar de um tombo, viver bem outra vez.
Mas as coisas não são assim, meu amor. Estou cansado de promessas, estou cansado de me doar, de expor meus sentimentos, de acreditar, acreditar e acreditar em você. E o que mais me dói é saber que a distância te faz simplesmente me ignorar, sem pensar nas conseqüências, sem pensar em nada. Você não se esforça, não se compromete, não chama no peito a responsabilidade como um dia me prometeu. Estou começando a pensar que você é um fracasso longe de mim.
E eu aqui te esperando, morrendo de saudades, certo de que desta vez as coisas seriam diferentes. Ilusão. Acho que não te conheço direito, apesar de conviver contigo há tantos e tantos anos. Caramba, que tristeza! Estou me odiando por você não ter derramado uma lágrima, nem mesmo sei se você derramou uma gota de suor. A impressão que tive é que não derramou. A única coisa que você derramou, foi um balde de água fria em nossa relação, e cada vez está mais doído em pensar que longe de mim, você simplesmente me esquece.
Tudo bem, eu já sei. Sei exatamente o que você está pensando. Sei exatamente o que você vai me falar quando chegar aqui. Vai ser um blá, blá, blá daqueles, já estou acostumado. Acho até que estou ficando parecido com mulher de malandro. Um agrado aqui, outro ali, mas na maioria das vezes, porrada! Ta legal, qual vai ser o discurso agora? Vai me dizer que vai tentar ser melhor, que vai superar, que vai isso, vai aquilo. Tá bom, já sei até a maneira como você vai me dizer isso.
Primeiro vai dizer que, antes de mais nada, precisa que eu esteja ao seu lado. Vai até me oferecer um “bônus” pra dar uma aliviada na minha carteira, como se isso bastasse para a nossa relação. Olha, estou ficando cansado de verdade. Depois vai me dizer que nós dois, quando estamos juntos, somos incansáveis, insuperáveis, somos o verdadeiro Deus. Acho até que dessa vez você vai me dizer que só vive ou sobrevive se eu estiver ao teu lado. Então agora abaixa essa tua cabeça e escuta o que tenho pra te dizer:
Sabe o que acontece? Você não me respeita. Você só precisa de mim pra defender os teus interesses. Quando lhe é conveniente, você me chama. Quando não me enxerga por perto, cala o meu mundo com uma indiferença enorme. Qual é a tua, afinal? O problema é que te falta tesão, te falta razão, te falta emoção, coisa que eu tenho de sobra. E o pior, tento viver te elogiando, te bajulando, dizendo que apesar de tudo, você está se esforçando muito pra me ver feliz, ou pra ser feliz.
Hoje, quando amanheceu o meu dia, me perguntei: até quando? Até quando você vai ser uma mentira? Até quando você vai me iludir, me encher de promessas e até de ótimos momentos? Até quando, pois quando estamos longe, você não tem um pingo de sangue nos olhos? Sinceramente, estou revendo todos os meus conceitos, e preciso chegar a algumas conclusões. A primeira delas é até que ponto vale todo o meu esforço para estar ao teu lado. Sobre outras conclusões, penso depois, quando você estiver ao meu lado. Temos muito o que conversar.
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Acorda, Atlético! Qual foi o nosso último combinado? Qual é, meu time do coração? Não aprendeu a primeira lição? Terá que apanhar quantas e quantas vezes? Estou decepcionado com a tua falta de vontade, tua falta de respeito e tua falta de carinho com os torcedores, aqueles que não deixam de te estender a mão, mas que cansam de tanta promessa e tanto papo furado. Apesar da grande necessidade que temos de você e da nossa grande paixão, tudo isso está começando a cansar. As atitudes precisam mudar, definitivamente, e a partir de agora, eu só acredito vendo. Se vira, Furacão!
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