Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

O reino do futebol nacional

17/04/2007


Recordo de em 1995, tomado pela empolgação, iniciar contato com torcedores de outros times. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas. Enfim, passei por todo o Brasil, sempre dentro do envelope que ia devidamente lambido e selado de Curitiba rumo ao seu destino. Era um momento em que o Atlético estava na segunda divisão do Campeonato Brasileiro e fazia boa campanha. A dupla de ataque Oséas e Paulo Rink tomava de assalto as redes dos times adversários, mas as notícias do clube, na mídia do eixo Rio-São Paulo eram raras. Os times adversários, como sempre, temiam jogar na Baixada. Mas esse medo só recebia o verdadeiro destaque quando tinha algum jogo narrado pela emissora de maior audiência no país, o que naquele momento não acontecia. Figurar na segunda divisão era amargo, pois os olhos da imprensa sempre estiveram voltados para o andar de cima. Hoje o panorama mudou, a segunda divisão mesmo sendo um calvário para quem lá habita, recebe olhares da imprensa.

Quando o Atlético saiu do subsolo, pegou o elevador e chegou à cobertura com piscina da primeira divisão, ainda não atraíamos os olhares da imprensa. O tempo passou, o Atlético construiu a Arena e mesmo assim não tínhamos o devido reconhecimento. Veio o ano de 2001 e a conquista do título brasileiro começou a trazer o respeito que o CAP merecia, merece e sempre merecerá. Alguns davam aquele título como sendo uma zebra que jamais se repetiria. Novamente a ampulheta virou e o tempo passou, e em 2004, quase chegamos ao nosso segundo título nacional. Aí a coisa começou a encorpar. Deixamos de ser um time mediano para freqüentar o rol dos grandes times do Brasil, fato que foi corroborado com o vice-campeonato do "El Paranaense" na Copa Libertadores em 2005 e com a boa campanha na Copa Sul-Americana de 2006.

Mesmo tendo provas concretas no crescimento do time, alguns ainda acham que não estamos no mesmo patamar de equipes mais badaladas do Rio e de São Paulo, isso é verdade, mas já temos o principal, o reconhecimento. Quando vencemos o Vitória, por um placar que poucos achavam possível ser revertido, mostramos novamente que temos que ser temidos sim! Seja jogando na Arena ou fora de casa.

Dentre todas as entrevistas e programas que vieram depois do jogo, o que melhor reflete o atual status do Atlético aconteceu na mesma emissora que nos ignorava em 1995, quando no intervalo do principal programa esportivo da mesma, o Globo Esporte na chamada do bloco seguinte veio o áudio: "Palmeiras perde e está fora da Copa do Brasil e outros dois grandes se classificam", isso tendo ao fundo a imagem do primeiro gol da vitória rubro-negra sobre o time baiano.

Demoramos a conquistar título da nobreza no reino do futebol, e jamais deixaremos de fazer parte da realeza do esporte nacional.


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