Carlos Antunes

Carlos Roberto Antunes dos Santos, 79 anos, é professor de História e foi Reitor da Universidade Federal do Paraná entre 1998 e 2002. Filho do ex-treinador Ruy Castro dos Santos, o famoso Motorzinho, técnico que criou o célebre Furacão de 1949. Nos anos 50 e 60, jogou nos juvenis do Atlético, sagrando-se bicampeão paranaense. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

Lutaremos à sombra: a mística do Caldeirão

08/04/2007


Xerxes, Rei da Pérsia, com seus 120 mil soldados, invadiram a Grécia e pararam diante das Termópilas, em face da enorme resistência de Leônidas e seus 300 espartanos. Xerxes tinha enormes vantagens: milhares de guerreiros, espadas, lança-chamas, arcos e flexas. Em face de resistência atrevida e ousada dos gregos, mandou um recado a Leônidas: “Temos tantos guerreiros que ao lançarmos as flexas ao ar em pleno dia, tudo ficará às escuras”. Resposta de Leônidas: “lutaremos a sombra”.

Neste momento, me sirvo da historia para registrar o que se passou na Baixada na última quinta-feira. O clube baiano tinha uma enorme vantagem, quase impossível de ser desfeita. Entretanto, encontrou pela frente um CAP determinado a reverter a situação, onde não faltou a famosa raça rubro negra, unida a técnica e a um esquema de jogo montado na estratégia de como fazer 3 gols ao longo dos 90’, sem sofrer nenhum.

História e futebol se juntam para contar este episódio: as enormes vantagens de Xerxes e do Vitória; o simbolismo das Termópilas e a mística do Caldeirão da Arena; a resistência grega e o ímpeto e determinação dos jogadores rubro-negros; as estratégias de Leônidas e de Vadão; o compromisso entre os soldados gregos de resistir até a morte e dos jogadores atleticanos de que esse era o jogo da vida, portanto, em ambos os casos, a glória valia mais do que a vida.

No jogo da desta quinta-feira voltou algo que nunca tinha ido embora: a mística do caldeirão. Ultimamente a torcida andava um pouco de cabeça baixa, pois o caldeirão da Arena era palco para as festas dos adversários: as derrotas para Botafogo, Internacional e Rio Branco de Paranaguá e somam-se ai, até mesmo, os empates com Coritiba e Paranavaí.

Agora tudo mudou. A união entre jogadores e torcida nas Termópilas do Caldeirão resultou na força e nas armas para um épico triunfo, que já entrou para a historia. As conseqüências serão terríveis para os adversários: contra tudo e contra todos, dará Atlético na Copa do Brasil!


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