Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Como se fosse 1996

03/04/2007


A Kyocera Arena nunca perdeu o encanto. Mesmo com jogos onde nem 10% das cadeiras são ocupadas, o estádio virou um templo para o futebol brasileiro. A arquitetura e o conforto que há no Joaquim Américo, não é encontrado em nenhum outro lugar no país. Existem cenas que jamais vou tirar da minha memória nestes últimos anos de modernidade que fomos submetidos com gosto. A alegria de passar por São Paulo e Fluminense nas fases decisivas em 2001. A primeira final contra o São Caetano. O primeiro gol de Washington contra o Paraná Clube, quando o Coração Valente se ajoelhou, chorou e agradeceu aos céus por estar vivo. Nunca vou me esquecer do menino que corria de um lado para o outro marcando gols e batendo no peito mostrando o orgulho de ser atleticano. Até o fim dos meus dias vou levar comigo a volta da bateria d'Os Fanáticos e as festas na Libertadores de 2005.

Só que vou voltar um pouco no tempo. Se eu pudesse pegar uma carona com Marty McFly, do incrível De Volta para o Futuro, iria parar em qualquer domingo do segundo semestre de 1996. Pagaria os meus R$ 10, sentaria abaixo do placar do Café Damasco (entre a Ultras e Fanáticos) e me embalaria a cantar o "Dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô (ainda sem o ôô, ôô...) Dá-lhe Atlético, dá-lhe Atlético, dá-lhe, dá-lhe ô". Até mesmo jogadores consagrados ficavam boquiabertos com a força do estádio. Viola, naquela época no Palmeiras, chegou a afirmar que nunca tinha visto algo parecido.

E não foi só o Palmeiras que sofreu no acanhado mas simpático Joaquim Américo. O time dirigido por Evaristo de Macedo passava por cima de quem viesse pela frente. Perder na Baixada era quase impossível. A simbiose entre diretoria, torcida e jogadores transformava cada domingo em feriado municipal. Todos queriam ver Oséas, Paulo Rink, Alberto, Nowak, Piekarski e Ricardo Pinto em ação. O Atlético se fazia agregar por natureza.

Na minha viagem, McFly me trouxe de volta a 2007. Retorno na semana em que a vaga para a próxima fase da Copa do Brasil é decidida. Se vencer por 3 a 0, o Atlético passa. Qualquer outro resultado pode complicar a situação. Nessa minha volta solitária ao século passado pude sentir que uma coisa realmente não mudou. O astral da torcida. Continuamos confiantes. Quinta-feira o combustível da paixão atleticana vai ser preenchido em diversos corações que se ausentaram do estádio nesses anos. Com o ingresso mais barato, a festa está praticamente montada. Setores lotados, a vibração e a empolgação dos jogadores, o dia 05 de abril tem tudo para marcar uma nova época no Atlético. Como se fosse em 1996.


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