Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Farinha

30/03/2007


Horas e horas mar adentro. Certas vezes, a família ficava uma semana sem vê-lo. Quando voltava, trazia consigo o alimento para dar de comer a mais de dez bocas. Em terra firme, a família se dividia nas obrigações da casa, no artesanato, no pilão para descascar o arroz e no forno para a produção da farinha. Peixe, arroz e farinha. O prato puro do litoral paranaense antes mesmo do barreado nascer em Paranaguá e ser adotado por Morretes. Por outra coincidência, a carne cozida em panela de barro só fica mais gostosa com banana e farinha.

Há duas semanas o produto feito à base de mandioca foi tema de polêmica. Nordestinos de todas as partes do país se uniram para rebater a expressão "comedor de farinha" publicada numa coluna do site Furacao.com. O assunto rendeu tanto que a versão online do jornal A Tarde desta sexta-feira reproduziu trechos do texto. O autor ainda afirma que o clima vai estar pesado na Arena da Baixada na próxima quarta-feira.

Diante de toda essa confusão, posso afirmar aos colegas do Nordeste que a reciprocidade do respeito vai prevalecer. Jamais os diretores, jogadores e torcedores transformarão a partida contra o Vitória numa batalha campal. A história recente do Atlético é muito bonita para ser rasgada. Mesmo que a prioridade do clube para 2007 tenha sido a Copa do Brasil e um acidente venha eliminar o Furacão da competição, a imagem do clube não pode ser manchada por interpretações infelizes.

O Vitória que volta a Segunda Divisão neste ano e a sua gigantesca torcida também são muito grandes para se preocuparem com provocações de torcedores. O que já foi escrito, infelizmente ganhou proporções que ninguém esperava. Mas também é assunto encerrado. Na Bahia e no Paraná a farinha é um bom acompanhamento. Só que na quarta-feira, eu espero que o barreado seja o prato do dia para comemorarmos a classificação na próxima fase da Copa do Brasil.

Aquele mesmo personagem do começo deste texto já costumava falar que "mais vale a fé do que o pau da barca". E fé é o que a gente mais vai precisar para passar pelos baianos, meu avô Alexandre!

Com os meus respeitos, amigos (são muitos) nordestinos.


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