Juarez Villela Filho

Juarez Lorena Villela Filho, 46 anos, é advogado, funcionário público estadual, dirigente de rugby e arruma tempo para acompanhar jogos do Atlético, isso desde 1987. Conhece 49 estádios Brasil afora onde foi ver de perto o Furacão. Sócio desde os tempos do Atlético Total em 1998 e na nova modalidade Sócio Furacão desde 2007.

 

 

Sem mudança

26/03/2007


Arthur era um cara normal. Comum não dá pra se dizer, já que ele tinha lá suas excentricidades, mas nada que fosse muito anormal. No colégio era popular, mas ao contrário dos outros membros da turma do barulho, tirava boas notas. Ao menos assim, os docentes não tinham motivos para pegar no seu pé diante das confusões criadas, pois ao menos ele fazia sua parte.

Arthur nasceu numa família não muito interessada em futebol.

Ele começou a jogar no gol. Porque não era tão habilidoso e no gol podia se sentir diferente, importante e paquerar as meninas mesmo durante as partidas. Depois mudou radicalmente e foi para o ataque. Não era grande coisa, mas guardava seus golzinhos. Cresceu, seu corpo mudou muito e logo se viu como um bom zagueiro, alto e forte. O tempo passou e nova mudança. Hoje, nas peladas que joga com os amigos, Arthur é um combativo meia, que alia a força com a técnica adquirida.

Arthur ia a jogos dos outros times quando criança, não tinha se revolvido ainda.

Mudou de colégio algumas vezes e num deles até entrou numa banda de rock. Começou tentando tocar guitarra, mas seus dons para as artes nunca foram seus principais. Viu que tinha jeito para bateria, mas essa coisa de ensaiar muito e tocar pouco o fez mudar. Cabelo comprido, roupas largas e Arthur se via em meio à galera do skate. Andou muito, se machucou idem. Teve época que só curtiu Iron Maiden, AC/DC e Metallica. Teve fases de Nirvana e Led Zeppelin. Hoje continua a apreciar esses sons, mas também sabe dar valor a uma Bossa Nova e ao Rei Elvis em seu playlist.

Arthur foi num Atletiba e ao ver aquele time de vermelho e preto jogar como nunca e vencer, numa época em que eles eram melhores, e a nação atleticana ensandecida cantando sua alegria, viu que entrou num caminho sem volta: era atleticano, pois!

Arthur sempre gostou de loiras. Namorou pouco, somente nas vezes em que se sentiu apaixonado de verdade. Paixões vão e vem a sabor do vento, ao bel prazer da pessoa amada e das circunstâncias. Casou-se com uma morena.

Arthur é atleticano!

Tentou três faculdades diferentes e a que menos lhe atraia no começo foi a única que terminou. Mudou de instituição quando faltavam menos de dois anos para se formar, mas a economia feita valeu a pena.

Arthur é doente pelo Atlético.

Hoje ele lamenta que as viagens em que é obrigado a fazer pela empresa lhe tirem o já escasso tempo que tinha para ficar com o filho, atleticano também, é claro! Em meio a entediantes jantares e jogos de golfe com clientes, Arthur carrega sempre um pingente atleticano e sua tatuagem, feita na adolescência, com o símbolo do clube.

Arthur mudou muito, quase tudo na vida. Mas assim como nós, não muda de time.

Arthur é e sempre será atleticano!

ARREMATE

“....e a camisa rubro-negra, só se veste por amor.”


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