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Jean Claude Lima
Jean Claude Lima, 57 anos, é publicitário e jornalista, sócio-proprietário da W3OL Comunicação Ltda. Compreende o fato de ser atleticano como uma complementação da sua própria existência e professa essa fé por todos os lugares do mundo onde já esteve ou estará. É pai de uma menininha, Mariana, que antes mesmo de nascer, já esteve no gramado da Arena, e agora de um menino, Rodolfo, batizado com uma camisa onde se lia "nasci atleticano".
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Eu tenho um sonho
26/03/2007
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Sonho com uma Baixada para todos e de todos...
E quando isto acontecer, quando nós permitirmos o sino da liberdade soar, quando nós o deixarmos soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro*: eu te amo Furacão.
Sonhei que mais uma vez me dirigia ao Joaquim Américo. No meu sonho, depois do bi-campeonato brasileiro, era grande a expectativa de que nós conquistássemos o tri-campeonato em 2010. O Atlético vinha fazendo uma grande campanha, embalada pela conquista da Taça Libertadores em 2009. A base da equipe tinha sido mantida, assim como a assombrosa média de público que o Furacão levava ao estádio, em especial depois de criado o setor popular, só ele responsável por sete mil pessoas por jogo. Nem sempre as coisas foram assim. Em 2007, houve um período de turbulências que fez parte dos meus pesadelos, entre setores da torcida e o homem forte do clube, Mário Celso Petraglia.
Houve uma grande mobilização para que tudo fosse contornado, com cada lado dando um passo na direção do entendimento, privilegiando a força e os valores da instituição. Participei de reuniões com um Conselho de Torcedores, uma iniciativa da diretoria, que juntou todos em torno da mesa, para debater e encaminhar políticas voltadas para o bom relacionamento entre clube e torcedor. O Atlético só ganhou com isso, voltando a ser o clube de todos, pretos, brancos, judeus, católicos e protestantes*... todas as raças e credos unidas em torno do Furacão. Na época eu escrevia no site que se tornou um dos maiores e mais respeitados do país e acompanhei tudo de muito perto. A complementação do estádio foi decisiva. A Baixada, que já era maravilhosa, ficou muito mais bonita, com um projeto arquitetônico completamente adaptado às exigências da Fifa.
Houve correções no projeto original, além de reparos que são naturais em qualquer obra. A capacidade ficou dentro dos 40 mil exigidos pela Sul Americana e nós ganhamos em casa a Libertadores de 2009. Eu estava lá! No meu sonho, o título brasileiro de 2008 me mandou para o hospital. No terceiro gol da “final” contra o São Paulo (tinha que ser contra eles – a vingança da Libertadores), com uma rodada de antecedência do término do campeonato, tive uma dor no peito e quase fui visitar o Jofre. Quando acordei, isso me fez sinceramente pensar em um regime. Sonhando, me lembrei da véspera do aniversário do Furacão, em março de 2007, no jogo contra o Rio Branco de Paranaguá e naquele dia minha esposa estava linda. Os jogadores é que acabaram presenteando a torcida. Cinco a zero, com lindos gols de Alex Mineiro e Denis Marques, ídolos imortalizados na Baixada. Considerei meu sonho como um recomeço da minha história de amor com o Atlético. Na arquibancada, os Fanáticos cantaram uma música nova e “parabéns pra você”. Petraglia estava lá, do outro lado, com a exclusividade de poder dizer ao bandeira o que ele bem entendesse. Convidado por ele, vi alguns jogos ali e confesso que gostei. No meu sonho, vi a Baixada nova e posso afirmar que o camarote está mais sofisticado.
Acordei. E acordado, penso que ainda temos muito a percorrer para nos tornarmos grandes, maiores na grandeza de nossas almas, fortalecidos em nossa unidade, fazendo do Atlético um clube cada vez maior. Parabéns Furacão, por você existir e ser tão grande. Parabéns a todos nós, atleticanos que compartilhamos sonhos e esperanças nas ruas, na Baixada e em todos os lugares. Feliz aniversário Furacão e obrigado pelas palavras, Martin Luther King*.
* Martin Luther King (1929-1968), pastor norte-americano, Prêmio Nobel, um dos principais líderes do movimento americano pelos direitos civis e defensor da resistência não violenta contra a opressão racial. Lutou por um tratamento igualitário e contribuiu para a melhoria da situação da comunidade negra, mediante protestos pacíficos e discursos enérgicos sobre a necessidade do fim da desigualdade racial.
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