Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

A ilha

14/03/2007


O Atlético e não só ele, mas também o São Paulo, Santos, Cruzeiro e Internacional, cada um de sua maneira, lutam ano a ano, dia a dia, para conseguir sobreviver e crescer de forma profissional, mesmo com o caos que é o futebol brasileiro. Os citados times se destacam apostando na estrutura, parcerias, captação de sócios, revelação de atletas, venda de jogadores para o exterior como forma de obter receita e na compra de bons atletas em litígio ou fim de contrato com seus clubes. Claro estes times têm suas próprias características, tendo cada um seu ponto forte que o faz ter sucesso nos últimos anos.

O Atlético investe principalmente na estrutura, revelação de jogadores e parceria com times nacionais e estrangeiros. Esta última é responsável pela boa arrecadação do clube com empréstimo e venda de atletas, bem como com a vinda de jovens valores de centros menores (Rogerinho, por exemplo). A captação de sócios também é uma antiga meta do clube, mas ainda está muito aquém do esperado.

Na última semana a nova parceria do Atlético com o FC Dallas dos Estados Unidos foi bastante destacada na mídia local. Esta é uma parceria diferente, pois ao contrário das firmadas com times europeus na cessão da totalidade ou porcentagem dos direitos econômicos de atletas e daquelas com outros clubes brasileiros que visa o aproveitamento e conseqüente valorização de jogadores do Atlético ou descoberta de novos valores, esta tem como objetivo principal a troca de conhecimentos, abertura do mercado norte-americano ao clube brasileiro e captação de recursos neste país.

Além desta parceria com os norte-americanos do Dallas, o Furacão já plantou sementes na China, com a criação de escolas de futebol que expandem a marca Atlético no emergente, promissor e enorme país. Claro que os resultados destas parcerias só virão no futuro, mas não fosse isso importante, times como Manchester United, Real Madrid e Barcelona não estariam a anos preocupados com os mercados norte-americano e asiático.

O grande obstáculo para o Atlético e demais times brasileiros que se preocupam com o futuro e expansão da marca é a falta de organização do futebol no nosso país. Enquanto na Europa os clubes podem liberar seus atletas em férias de 30 dias e ainda sobra tempo suficiente para uma excelente pré-temporada, por aqui a única opção é abrir mão do time principal nos primeiros meses do ano. Amistosos no exterior nem pensar. Aqueles que o fazem mandam reservas, como fez o São Paulo em janeiro ou sacrificam o Campeonato Estadual como pretende fazer o Atlético na época da visita à Dallas.

Infelizmente nem mesmo a programação do Atlético poderá ser cumprida à risca, pois nos últimos dias já alteraram as datas dos jogos da Copa do Brasil bem como o adversário. Isso sem falar na bagunça do medíocre Campeonato Paranaense que nem tem os classificados já definidos em razão de várias ações judiciais no TJD e STJD.

Enquanto não moralizarem e profissionalizarem nosso futebol, o Atlético e outros poucos clubes continuarão vivendo numa ilha, tendo que se desdobrar para criar novas fontes de receita e mesmo assim vivendo à margem do extremamente organizado futebol da Europa.


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