Wagner Ribas

Wagner Ribas, 42 anos, consultor, acima de tudo pai e atleticano, costuma viver na Baixada as suas maiores alegrias. Foi colunista da Furacao.com entre 2007 e 2009.

 

 

Uma nova torcida

13/03/2007


Em minha adolescência, ir aos jogos do Atlético, fosse na antiga Baixada, no Pinheirão ou em qualquer outro lugar, era sinônimo de alegria e festa, pelo menos nas arquibancadas. Assim como num casamento, onde a união prevalece na alegria e na tristeza ou na saúde e na doença, nos jogos do Furacão, fosse chuva ou fosse sol, com derrota ou vitória, a torcida fazia seu show. Cada jogador que vestia o manto sagrado, tinha a sua qualidade elevada à máxima potência e sentia a obrigação de vestir a camisa rubro-negra, no mínimo, com muita raça.

Os resultados, e tão pouco nossos sonhos, chegavam na quarta parte do que temos e conquistamos hoje. Mesmo assim, a torcida sempre foi respeitada e conhecida, justamente pela bela festa e poder que exercia nos jogadores dentro de campo. As contrariedades sobre administração, conquistas, ou melhor, falta de conquistas e contratações, existiam, mas dentro do estádio e a partir do momento em que o juiz apitava o inicio da partida, tudo aquilo era deixado de lado em troca de uma coisa, a união pela vitória do Furacão.

Sociais, organizadas e aquele torcedor com presença esporádica ou nos principais jogos, cantavam o mesmo hino. Todos eram atleticanos iguais, sem rotulações ou apelidos, sem agressões físicas ou verbais contra aqueles que vestiam a mesma camisa. Cantavam pelo mesmo ideal. Hoje em dia, algumas destas características mudaram um pouco. A organizada já não torce como antes, apesar de ainda estar lá, sempre presente. Continua fazendo parte da história atleticana, mas nos últimos tempos manchou um pedaço de sua própria história. Com atitudes erradas e impensadas acabou afastando aquele torcedor que lhe era simpatizante.

O torcedor da reta, como gostam de chamar, já não se preocupa tanto em torcer como antigamente. Faz coro pedindo pra sentar quando tem sua visão atrapalhada, dilacera a qualidade de nossos laterais e acomoda-se em alguns momentos importantes, quando deveria apoiar e incentivar. De bom, ainda temos o reconhecimento por nossas festas nas arquibancadas. E o mais importante, ainda há muita gente boa que trás consigo muito mais do que atleticanismo. Ainda é possível enxergar na torcida aquela mesma força e luta que era transmitida da arquibancada para dentro de campo, e não ao contrário. Mas falta algo para impulsionar este sentimento.

Sei ainda que existe um movimento para o resgate desse torcedor. Existe uma movimentação para a criação de uma nova torcida, que viria sem nome, identificada com a própria camisa atleticana, sem faixas ou bandeiras, seria uma desorganizada do Atlético. Pronta para acolher e reconquistar aqueles atleticanos que querem apoiar, mas que precisam de um empurrão. Com novas idéias e novos conceitos, a idéia pode ser boa. Muita gente gostaria de cantar pelo somente Furacão. Ao mesmo tempo, a Fanáticos, após reconhecer alguns de seus erros, promove um discurso de união. Prometeram tentar um retorno às suas origens, quando sua principal atividade era incentivar o Atlético e suas coisas.

Ao movimento para cantar pelo Atlético, falta, além de amadurecimento, vontade de fazer acontecer, como fez a equipe do mosaico, por sinal, sucesso absoluto. Mas, se a prática for tão boa quanto as idéias, tem tudo para também ser um sucesso. A Fanáticos, por sua vez, terá bastante trabalho. Pois reconquistar a torcida e seu espaço dependerá não somente da boa vontade daqueles que a comandam. Dependerá de uma mudança de comportamento. E mesmo assim, o resultado talvez não seja imediato, mas aos poucos, e caso efetivamente as coisas aconteçam como estão propondo, deverá trazer bons frutos.

Com tudo isso, e acreditando que ao menos uma das idéias irá pra frente, quem deve ganhar com tudo isso é o próprio Atlético, que além de voltar a ter o Caldeirão fervendo e ganhar ainda mais força, terá uma nova torcida, ainda mais apaixonada e disposta a mudar qualquer resultado no grito. Cada um fazendo sua parte, tem tudo para dar certo.

Fica aqui o desafio a todos, cantar pelo e para o Atlético.

”Atlético, Atlético
Conhecemos teu valor
E a camisa rubro-negra
Só se veste por amor”



Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.