Rodrigo Abud

Rodrigo Abud, 45 anos, é jornalista. Já correu dos quero-queros na Baixada, justamente quando fez um lindo gol do meio de campo. Tarado por esportes, principalmente o bretão, é também alucinado por rádio esportiva.

 

 

A volta

10/03/2007


Assim como muitos torcedores do Furacão, eu também vivi grandes emoções na Baixada. A reinauguração em 1994, com jogos inesquecíveis, como a nossa campanha no Campeonato Brasileiro de 1996. Depois veio a inauguração da Arena - momento sublime para toda a nação rubro-negra e, na seqüência, tivemos os jogos do título brasileiro de 2001.

Porém, a lembrança que mais marcou a minha vida na Baixada foi algo comum, nos jogos do passado. O ano era 1996, o jogo era Atlético x Criciúma (jogo que levou o Fluminense à 2ª divisão). Fiquei ensaiando a partida inteira para pegar uma bandeira dos Fanáticos e agitá-la. Durante o jogo não criei coragem. Somente fui ao encontro dela no momento do apito final, quando a torcida já saía do estádio.

Peguei uma das bandeiras de médio porte, segurei firme e levantei. Claro que o entusiasmo tomava conta, porém tinha que concluir o serviço, que era dividido em três partes: levantar, agitar e baixar. Tudo isso com swing, para não enrolar a bandeira. Já tinha passado do primeiro estágio e me encaminhei para o segundo, acabei pagando pelo noviciado e a bandeira enrolou. Só tinha que concluir e foi o que fiz. Baixei e saí sorrindo como se tivesse feito um gol para o Atlético.

Nos jogos seguintes fui me aprimorando. Não deixava o estádio enquanto não fizesse o meu treinamento pessoal e como durante a partida as bandeiras eram concorridas, ficava sempre após o fim do jogo tremulando o pavilhão da organizada.

Com a inauguração da Arena, as bandeiras, aos poucos, foram saindo de cena e deixando de fazer parte do espetáculo da torcida atleticana na arquibancada. Sei que a volta delas é quase impossível, ainda mais com o episódio de quarta-feira, mas fico pensado como seria bacana se nos jogos de hoje as bandeiras, das organizadas ou dos demais torcedores, voltassem a fazer parte do show. A torcida chegando e ocupando seu espaço, começando a embalar a massa com o batuque, para logo em seguida no desfraldar o espetáculo ficar na temperatura ideal.

O que poderia ser feito para que elas voltassem a tremular no santuário rubro-negro? Talvez a única solução fosse quando da conclusão da Kyocera, a parte onde fica (ficava?) o muro desse lugar, a reta sem camarotes no anel inferior. Os torcedores que permanecem no primeiro anel são os maiores prejudicados e perdem muito da visão do jogo. Se essa mera elucubração viesse a acontecer, os ingressos vendidos para o setor já contariam com uma observação de que o acesso é destinado para o local onde se concentra(m) a(s) torcida(s) organizada(s), que fariam uso de material sonoro e visual.

Com uma possível volta, todos ganhariam. A diretoria talvez voltasse a ter o apoio da(s) organizada(s), os torcedores seriam novamente brindados com a festa que todos conhecemos e os atletas teriam a torcida, como sempre, jogando junto.


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