Michele Toardik

Michele Toardik de Oliveira, 44 anos, é advogada, mãe, sócia ininterrupta há mais de uma década e obsessivamente apaixonada pelo Furacão. Contrariou as imposições geográficas, tornando-se a mais atleticana de todas as "fluminenses". É figurinha carimbada nas rodas de resenha futebolística, tendo como marca registrada a veemência e o otimismo incondicional quando o assunto é o nosso Furacão.

 

 

Futebol é coisa pra mulher

08/03/2007


O dia 8 de março – Dia Internacional da Mulher, marca a celebração dos feitos econômicos, políticos e sociais alcançados bravamente pela mulher nas últimas décadas. Diante disso, entendo ser bastante justo e oportuno o aproveitamento deste espaço para falar um pouquinho sobre as mulheres e da sua relação com o futebol, fazendo assim uma singela homenagem.

E para tanto, considerei necessária uma pequena comparação entre homens e mulheres: para eles, o futebol é ministrado desde os primeiros passos, todos os mandamentos futebolísticos já são introduzidos geneticamente, restando “apenas” a incumbência de eleger um time para dedicar sua vida e destinar-lhe todo seu amor incondicional. Ou seja, exatamente o avesso do que acontece com as mulheres, que desde meninas já recebem suas bonecas e casinhas sendo assim treinadas para suas futuras atribuições de mães e donas-de-casa; dificilmente lhes são oportunizadas opções diferentes das convencionais para que desenvolvam seus próprios gostos.

Imagino a “decepção” de um pai fanático ao ver sua filhinha na maternidade, justo ele que sempre aguardou o nascimento de um "piá" para transmitir seus genes rubro-negros, contar histórias sobre os antigos clássicos e jogos históricos. Entretanto, essa frustração é posteriormente recompensada pelas qualidades da princesinha: delicadas, afetuosas, lindas, comunicativas – inclusive começam a falar mais cedo (rs!) e, geralmente abandonam suas fraldas antes dos meninos.

Esse início tortuoso só demonstra que definitivamente não fomos criadas para o universo futebolístico, pelo contrário, crescemos lutando para compreendê-lo e disputando atenção com ele - seja dos nossos pais, irmãos ou companheiros.

Infelizmente, vale a regra de que mulher não gosta de futebol. A maioria ainda encara o futebol com indiferença, ou pior, como seu eterno rival e destruidor de relacionamentos. Porém, tenho a impressão de que as coisas estão mudando.

As exceções estão aí... muitas deixaram de lado suas inclinações inatas, driblaram o preconceito, as desigualdades, a falta de incentivo, as imposições culturais e estão deixando para escanteio o papel de coadjuvantes.

A colocação marginalizada da mulher no futebol não combina com nossa realidade. Chega de velhos clichês: maria-chuteiras, “aquela” que infelizmente é sempre lembrada - mãe de juiz, ou a “assessora” que pega a cerveja na geladeira.

O fato é que não somos piores e nem melhores do que os homens, somos apenas diferentes. E constatar as diferenças que existem entre os sexos apenas assegura a evolução da mulher, sem que preconceitos e falsos argumentos a prejudiquem.

Cartão vermelho para a discriminação!

Quem consegue imaginar a Arena hoje sem a presença das atleticanas?

Somos essenciais. Hoje, podemos nos orgulhar de realizarmos as mais diferentes atividades e ainda conciliá-las ao futebol: freqüentamos estádios, torcemos, discutimos e opinamos. E muitas foram além, fizeram desse esporte a sua profissão e a desempenham com propriedade, são jogadoras, empresárias, jornalistas, psicólogas, enfim excelentes profissionais sem as quais o futebol não teria o mesmo brilho.

Cumprimento todas as mulheres pelo nosso dia! Em especial minha mãe, minhas amigas lindas e a Mi Essenfelder que será mamãe de um (a) futuro (a) atleticano (a)!


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