Jones Rossi

Jones Rossi, 46 anos, é repórter do Jornal da Tarde, em São Paulo, e um dos fundadores do blog De Primeira. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

Um problema chamado Fanáticos

08/03/2007


No dia seguinte à noite histórica do Atlético na Arena, infelizmente volto aqui para escrever sobre esta coisa ridícula que se tornou a “torcida organizada” do Atlético. Uma vergonha, como costumam ser as todas torcidas organizadas, mas ontem com um toque especial de ignorância, intolerância e violência. Ou seja, nada de novo no mundo podre dessas facções criminosas.

Um breve resumo a quem não está por dentro da história. Logo que o Dallas FC entrou em campo, a Fanáticos virou as costas e foi embora embora do estádio. Não sem antes vaiar o hino dos Estados Unidos e gritar o nome de Saddam Hussein. Não sem antes ameaçar quem não tomasse a mesma posição que a torcida. Não sem antes arrumar confusão com outros atleticanos.

É óbvio que se trata de uma imensa perda de tempo tentar explicar quem foi Saddam Hussein ao fugitivos do Mobral que constituem a Fanáticos. São o que Stalin chamaria de “inocentes úteis”, caso fossem inocentes em alguma coisa. Saddam, que o pessoal da organizada deve achar que é santo e até ter uma fotinho no quarto para rezar antes de dormir, foi um grande assassino de iranianos, iraquianos xiitas e curdos. Ele testava armas químicas em crianças. Fanáticos, entrem neste link (http://www.pbs.org/wnet/wideangle/shows/saddam/photo3.html) e aplaudam o belo trabalho de São Saddam Hussein.

Mas vá lá, com muita boa vontade é possível relevar o fato da torcida gritar infantilmente o nome de Saddam para desagradar os parceiros norte-americanos do Atlético. Afinal, na história nunca faltou quem defendesse os ditadores, de Hitler a Stalin, passando por Pol Pot e Idi Amim. Vaiar o hino americano? Tudo bem, é questão de livre expressão.

Só que esta mesma livre expressão foi negada a quem estivesse próximo da Fanáticos. Houve torcedores que tiveram de sair do setor onde estava a torcida, com medo de represálias.

Sim, há quem diga que não é toda a torcida organizada que é assim. Mas é ali, no seio dela, que as confusões, que já estão acontecendo com uma constância alarmante, nascem. Pedir que seus dirigentes tomem providências é perda de tempo. O mau exemplo vem de cima.

A Fanáticos, aliás, congrega o que há de pior na sociedade: criminosos, vagabundos e gente de classe média que quer parecer criminoso e vagabundo. Gente que gosta de viver de vantagens. Tiveram seu auge quando recebiam ingressos dos dirigentes. Hoje são massa de manobra de políticos mal-intencionados. A Fanáticos já foi a mais vibrante. Hoje é um problema a ser resolvido.


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