Patricia Bahr

Patricia Caroline Bahr, 43 anos, é jornalista e se descobriu atleticana nas arquibancadas do Pinheirão, no meio da torcida, quando pôde sentir o que era o Atlético através dos gritos dos torcedores, que no berro fazem do Furacão o melhor time do mundo. Foi colunista da Furacao.com entre 2002 e 2010.

 

 

Salvem a nossa torcida

08/03/2007


Há mais ou menos 17 anos eu fiz uma promessa a mim mesma: estaria com o Atlético, aonde quer que o Atlético estivesse. E no meu dia-a-dia cumpro minhas obrigações de atleticana sem esquecer dessa promessa que me fiz, quando fui levada pela primeira vez a um estádio de futebol, pelo meu pai, para ver um Atlético e Toledo, no Pinheirão.

Noite de frio e chuva, e não foi a vitória por 2 a 0 que batizou meu atleticanismo. Naquela noite, sabendo que o grande diferencial entre eu ser ATLETICANA ou mais uma simples torcedora estava na alma do clube, a sua torcida, meu pai me levou no meio daquele povão todo. E eu, com o encantamento de uma menina de 8 anos de idade, me apaixonei à primeira vista pelo Atlético. Quer dizer, pela torcida do Atlético. Pela alma que faz do Atlético um time diferente, um time especial.

O Atlético sempre foi diferente, sempre foi especial porque sempre teve alma. Porque tinha uma torcida que ditava o ritmo dos jogadores em campo, que aplaudia seus guerreiros mesmo nas derrotas (numa época em que a gente mais perdia do que vencia) porque sabia reconhecer o espírito guerreiro, a raça, a vontade dentro de campo. Hoje tem gente que vaia jogador nas vitórias, que critica jogador que marca gols em todos os jogos, que faz cara feia mesmo com o time vencendo – e convencendo. E o que é pior, hoje tem gente que dá as costas para o Atlético, que abandona a sua paixão ainda com a bola em jogo....

Lamentáveis e deprimentes as cenas vistas na Kyocera Arena nessa quarta-feira. Toda causa é justa, toda reivindicação é válida. Mas nenhuma reivindicação, nenhum protesto pode querer sobrepujar o nome Atlético, a instituição Atlético Paranaense. Qualquer causa, por mais justa que seja, perde o sentido quando ela prejudica o time, a instituição Atlético.

Feliz do Atlético que tem guerreiros em sua torcida, que estiveram na reta e deram conta do recado. Mesmo que de maneira desorganizada, sem nenhum ensaio e na base do improviso, eles foram lá e cantaram que nem loucos, com a alma e com o coração. Mesmo sem saber direito o que cantar, eles honraram a tradição e o nome do Atlético Paranaense.

Se a idéia foi premeditar um protesto justamente no amistoso internacional, querendo manchar a imagem que os norte-americanos têm do Atlético, querendo passar uma impressão ruim e errada do que é a torcida atleticana, o tiro saiu pela culatra. Porque com certeza os americanos vão levar para lá o exemplo de amor, de raça e de superação da torcida atleticana. Uma torcida que mostrou e provou o porquê a camisa Rubro-negra só se veste por amor – e que tem certeza de que este amor é o que há de mais preciso na relação clube-torcida.

Há cerca de 17 anos, a torcida atleticana me conquistou. E hoje, em 2007, a torcida atleticana me reconquistou. Guerreiros que cantaram no improviso e à sua maneira, mas que cantaram o seu amor pelo Atlético! É essa a alma que o Atlético sempre teve – e que nunca morrerá! Eu não abandonei, nem quarta e nem nunca a minha paixão, o meu amor... durmo em paz com a consciência tranqüila de que fiz o meu melhor para o meu Atlético!


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