Rogério Andrade

Rogério Andrade, 52 anos, é administrador. Atleticano de "berço", considera a inauguração da Arena da Baixada como o momento mais marcante do Atlético, ao ver um sonho acalentado por tantos anos tornar-se realidade.

 

 

Novo ano, novos tempos

27/11/2002


Ainda não estamos no último mês do ano, mas as reformulações já são muitas, e o que era previsto está acontecendo. Imprevistos também acontecem, e em um ano conturbado em que tudo (ou quase tudo) deu errado, o maior dos erros aconteceu: Flávio foi embora como qualquer jogador comum vai, e sabemos que ele é fora do comum. A Diretoria não poderia ter sido tão fria desta forma. Negativo de uma lado, positivo do outro, em que um excelente goleiro poderá ter a oportunidade de ouro. Cléber (ou Mexerica) vai assumir o arco rubro-negro, uma responsabilidade que só os grandes profissionais sabem carregar. E ele já provou que merece o espaço, pois no jogo contra o Goiás mostrou que a segurança é seu ponto forte, e a primeira impressão é a que fica. Se Caju foi eternizado, Mexerica vai no embalo!

Segue a carroagem, e outros atletas vão arrumando as malas e buscando novos horizontes. Para nós, atleticanos, por mais óbvia que seja a saída, parece que vão partindo pedaços do Furacão, profissionais que deixaram sua marca no momento mais importante para o clube até hoje: o campeonato brasileiro de 2001. Mas por ordem natural das coisas, o destino nos mostra que o ser humano é, acima de tudo, livre. Conquista o seu espaço no momento em que deseja, e sabe perfeitamente qual é o caminho a ser trilhado, mesmo que este seja arriscado a ponto de denegrir sua imagem. O maior exemplo é Kléberson, que encheu os olhos de todo o Mundo com seu futebol fabuloso, e quando voltou, esqueceu que a humildade, apesar do sucesso quase certo, ainda era essencial. Caiu seu rendimento, e com ele, caiu sua cotação no mercado milionário do futebol.

Kléber

E vamos em frente. Esperamos por outras despedidas, mais alguns dias de angústia no desmanche vermelho e preto. Dentre eles, lá está Kléber, o maior exemplo de sossego que o Atlético já teve. Não esquenta com nada, dá muito valor às coisas materiais e se dá ao luxo de perder gols em troca de sua corrente de ouro. Se for embora, já conseguiu deixar sua marca na história do Atlético e sairá por mim, aplaudido. Também superou obstáculos, e em uma relação de amor e ódio, nos deixa na memória momentos agradáveis e inesquecíveis do momento mais sublime do futebol: o gol!

Fabiano e Alex

Outras mudanças estão para acontecer, outros profissionais vão preparando sua despedida. Tempos de tristeza, como aquelas relações que visivelmente vão chegando ao fim. Não gosto muito de citar nomes para evitar injustiças, mas vou arriscar dois grandes guerreiros rubro-negros que deixaram seus nomes cravados em nossa estrela dourada: Fabiano e Alex Mineiro, lendas vivas de um título mágico, inesquecível e justo. Por onde andarem de hoje em diante, levem em sua bagagem nossa profunda gratidão.

A garotada do Atlético

E aí vem a garotada, sangue novo para um ano novo. Para quem souber tirar proveito de uma situação como a que vai viver o Atlético em 2003, é um prato cheio. E pode ser cheio de glórias e sucesso. Tudo tem seu tempo, e agora os tempos são outros, de uma nova safra que está chegando para dar nova forma ao esquadrão rubro-negro. Saem de cena os gladiadores famosos e entram em cena os guerreiros de uma nova geração, dessas que um ou outro sempre acaba conquistando seu lugar ao sol. Tudo isso acompanhado de um bom comandante nos trará bons frutos, basta que seja este comandante quem escale a equipe, e que não tentem escalar por ele. É por isso que em 2002 nem mudando dez vezes de técnico a solução seria encontrada. Porém, duas presenças no elenco serão imprescindíveis para o novo ano: Adriano, o nosso "Gabiru" deverá permanecer e continuar regendo a orquestra, e Cocito, que conquistou a confiança e é o sinônimo da raça dentro de campo.

Psicologia

Iniciaremos também um novo momento na Psicologia do clube. Aquela história de que não é preciso um acompanhamento psicológico é ilusão, e infelizmente em tempos como este, ainda existem pessoas que acreditam em psicologia apenas em momentos negativos. O ser humano é um conjunto emocional muito grande, e precisa saber lidar com suas frustrações e suas alegrias.

Vamos esperar que 2003 seja um ano de muita determinação, e que diretores, dirigentes e comissão técnica utilizem, acima de tudo, bom senso, o poder que o Homem possui de raciocinar com precisão. Nós, torcedores, continuaremos firmes, fiéis e otimistas, fazendo a nossa parte.


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