Sérgio Tavares Filho

Sérgio Juarez Tavares Filho, 45 anos, é jornalista e morou até os 12 anos em Matinhos, litoral do Paraná. Acompanha o Atlético desde que nasceu e vive numa família 100% rubro-negra. Até os cachorros se chamam Furacão e Furacão Júnior. Foi colunista da Furacao.com entre 2001 e 2009.

 

 

Mal acostumado

05/03/2007


O fim de semana de folga com sol foi o que precisava para descer a serra e voltar a querida Matinhos. Já sem o clima de temporada, não é preciso desviar de bicicletas e até mesmo de outros pedestres no calçadão da Avenida Atlântica. O preço da carne diminuiu e um churrasco simples, mas saboroso, também matou a fome. No domingo pela manhã, mais sol, a companhia da amada, cadeiras na areia e o mar. O descanso perfeito para recuperar as energias para uma semana de muito trabalho. Às 11h30, um surto. "Vamos almoçar e voltar para Curitiba. Quero ir ao jogo", digo. Ainda com sal no corpo depois de um mergulho, chego em casa com camarões à milanesa preparados pela minha mãe. Um filé de pescada grelhado complementou a refeição.

Duas e meia saio da Alexandra-Matinhos e entro na BR-277. A Rádio Banda B já falava do clássico havia mais tempo, mas fui paciente para saber das últimas de Atlético e Paraná. No viaduto de São José dos Pinhais combino com a namorada para ela me deixar na Vila Capanema e ir para casa. Depois eu acharia uma maneira de voltar (obrigado, Cleverson).

Dentro do estádio, muita reclamação. O preço do ingresso, a cerveja (de única marca) quente, a ausência do saudoso pão-com-bife-com-pimenta atrás das sociais e o único banheiro destinado aos visitantes. "Apesar de todo esforço, o Paraná nunca vai perder essa característica de time pequeno", disse o amigo e agora também colunista do site Jean Claude Lima.

O número do espaço pintado nas arquibancadas também foi comentado por quem estava por perto. Isso sem falar dos primeiros degraus da Vila. Quando o Juarez foi fazer o "test-drive" do local, fui remetido ao Pinheirão da década de 80, onde o joelho encostava na cara quando tentávamos descansar no intervalo.

"Eu tô mal acostumado mesmo", era o que mais se ouvia no espaço atleticano. "Eu tenho cadeira confortável, vejo o jogo com excelente visão em todos os setores do estádio, as placas de publicidade não atrapalham o lance de perigo, posso comer de tudo e ainda pago o mesmo preço daqui". Não paga! Paga mais barato. Em fevereiro, por exemplo, tivemos quatro jogos do Atlético na Kyocera Arena. O torcedor que adquiriu o Sócio Furacão nas retas, pagou R$ 20 por jogo. Quem escolheu os gols, pagou apenas R$ 15. Com a classificação para a segunda fase do Campeonato Paranaense garantida, teremos, no mínimo, mais quatro jogos neste mês de março no nosso templo. Isso sem falar do amistoso contra o Dallas, já na quarta.

A lição da Vila Capanema serve para que o torcedor atleticano abra os olhos. Nem sempre o jardim do vizinho é mais florido.


Este artigo reflete as opiniões do autor, e não dos integrantes do site Furacao.com. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.