Marcel Costa

Marcel Ferreira da Costa, 45 anos, é advogado por vocação e atleticano por convicção. Freqüenta estádios, não só em Curitiba, quase sempre acompanhado de seu pai, outro fanático rubro-negro. Foi colunista da Furacao.com entre 2005 e 2008.

 

 

O Patinho Feio

05/03/2007


O conto do Patinho Feio trata de uma estória de um filhote de cisne chocado no ninho de uma pata. Diferente dos irmãos, o pobrezinho é perseguido e maltratado por todos os patos do terreiro. Um dia, cansado de ser humilhado, ele foge do ninho. Vai parar em diversos lugares, mas é sempre mal recebido.

Este é apenas um conto infantil, mas poderia ser a história do Paraná. Nascido de uma con(fusão) entre Colorado e Pinheiros, o clube já nasceu feio, remendado (basta prestar atenção em seu uniforme original) e marginalizado pelos demais. No chamado trio de ferro de Curitiba sempre foi a terceira força, com torcida menor, menos atenção da mídia e pouca expressão. Somente o engraçado hino que virou hit das torcidas adversárias acredita que o “Paraná já nasceste gigante”. Para nós atleticanos isso soa engraçado, como acredito que também deva soar da mesma forma para os coxas.

No duelo com o Atlético, a exemplo do Patinho Feio do conto de fadas do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, o Paraná sempre foi maltratado. Já perdeu título estadual para o rubro-negro, nunca venceu na Baixada (antiga e nova), já levou de 3, 4 ou 6, sempre foi freguês dentro de seu estádio e na única vez que venceu na Vila Capanema saiu de casa com o vice-campeonato paranaense de 2002. Na contagem de gols tem um déficit de 18, mesmo tendo perdido “apenas” cinco jogos a mais.

Deixando o futebol curitibano de lado, vamos analisar o Paraná em âmbito nacional. Mesmo estando na Série A do Campeonato Brasileiro desde o início deste século, o tricolor paranaense é um intruso na elite nacional. A maioria o tem como um dos times mais inexpressivos da primeira divisão, candidato natural ao rebaixamento. Nem no Clube dos 13 consegue espaço, mesmo estando a muito tempo na Série A e conseqüência disso, sua cota de televisão é menor que a cota reduzida do rival Coritiba, estagnado na segundona.

A queda do Coritiba talvez traga benefícios ao time das Vilas, como aumento de espaço na mídia paranaense e uma guinada de jovens torcedores verdes insatisfeitos para seu lado. Mas mesmo buscando ocupar o espaço coxa, ainda terá que lutar muito para se igualar ao moribundo co-irmão, que mesmo em péssima fase ainda possui mais torcida e respeito fora daqui do que o Patinho Feio. E tem o tricolor ainda, a desvantagem de disputar a Série A do Brasileiro com o Atlético que o ofusca e ocupa melhor o espaço deixado pelo coxa na mídia e entre os desamparados jovens torcedores que estão sem clube na primeira divisão.

Na Libertadores da América nem se fala, pois lá o Paraná não chega nem a ser o Patinho Feio, sendo o verdadeiro Patinho Satangôs entre os participantes. Levou ainda azar de dividir sua participação com cinco campeões continentais, tendo espaço reduzido nos noticiários da competição, mesmo aqui no Brasil. Faz bela campanha, admito, mas não chegará sequer entre os oito melhores e daqui a alguns anos sua participação será lembrada apenas pelos seus torcedores ou outros loucos por futebol.

Se nos dois melhores anos do Paraná, quando ele ousou sair de seu ninho e procurar novos lugares para se ambientar, o Atlético o venceu cinco vezes seguida, imagine nos anos de crise. Acredito até que o dinamarquês, autor do conto do Patinho Feio, tenha sido parente de Nostradamus, pois muito antes da con(fusão) já previa um estranho no ninho que mesmo fora deste continuaria marginalizado, desdenhado e mal recebido. Esta é a história do Paraná, agora em seu ápice, com direito à participação na Libertadores, mas eternamente humilhado pelo dono do ninho, o Atlético, maior clube paranaense.

Procon

Hoje, irei ao Procon pedir a devolução da diferença do valor do ingresso pago na Vila Capanema. Em nenhum setor do puxadinho foi cobrado 40 reais, nem mesmo nas cadeiras sociais. Pior do que isso, no setor semelhante ao visitante, a tal da Curva Norte, o preço da entrada era de 15 reais. Sendo assim, como advogado, entendo que todos atleticanos têm direito a restituição desta diferença, bastando buscar seus direitos junto ao Procon apresentando o ingresso, válido como recibo.


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