Luiz Eduardo Xavier

Luiz Eduardo Xavier de Lima, 52 anos, é um dos fundadores da Furacao.com.

 

 

Ceticismo

31/10/2001


Confesso que o sucesso do Atlético Paranaense no Campeonato Brasileiro surpreende-me e muito, mas agradavelmente. O Furacão da Baixada já é reconhecido nacionalmente pelo seu codinome - contando com grande ajuda do colega Milton Neves - e não é mais considerado uma surpresa, ou a famosa "zebra".

Aprendi a torcer pelo Atlético nos tempos de Washington e Assis (quem não torceria?), mas comecei a acompanhar de perto as partidas de futebol a partir de 1987, com Pedrinho Maradona, Marquinhos e Carlinhos. Freqüentei o gélido Pinheirão e não achava ruim, aliás, até fazia campanha para que o torcedor rubro-negro acompanhasse o seu time onde quer que fosse. Na verdade o assunto Pinheirão é um tanto delicado; sou da ala que acredita num grande lobby feito pela imprensa coxa para afastar o atleticano dos jogos de futebol, tanto que os maiores apedrejadores do Pinheirão - às vezes literalmente - eram famosos coxas.

O Pinheirão foi-se, restaram as lembranças; algumas boas, muitas ruins. Foi neste cenário que, ainda adolescente, aprendi a gostar e torcer pelas cores rubro-negras. Aquela fase foi um marco na história do Atlético, algo para não ser esquecido, mas assimilado como uma experiência de vida. Uma lição que o torcedor atleticano no fundo já sabia décor; a lição de nunca abandonar a sua verdadeira casa, sua identidade.

O tempo passou e com ele mais e mais times medíocres tive que aturar. Empatar em casa com o Grêmio de Porto Alegre era um feito digno de aplausos. Tive que torcer por um centroavante confesso: "Marquei o gol porque errei o chute". Era o gol do título. A cada time montado às pressas, com o remendo de medalhões como Éder Aleixo, o próprio Washington e Assis em fim de carreira, Kita, o gordinho Miranda, etc, ficava mais cético, mais desconfiado do que viria pela frente.

Após a humilhação frente ao Coritiba, naquele fatídico Atletiba do Couto Pereira, o Atlético ressurgiu das cinzas. O Brasil assiste desde 1996, com Oséas e Paulo Rink, um time diferente, que pode até perder, mas luta pelo título e não por esmola de time grande ou, como o Coritiba, vive apenas de lembranças do passado. Hoje estou reaprendendo a torcer; estou reaprendendo a acreditar no Atlético Paranaense, um time que renasceu para brilhar.


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